segunda-feira, 22 de julho de 2013

CAIXA CULTURAL RIO TRAZ EXPOSIÇÃO "CHOVE NO CAFEZAL - DA FIGURA À ABSTRAÇÃO", DO PINTOR MANABU MABE


“O que é a arte? Qual a finalidade da minha pintura?".  Um certo dia pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.

Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, brincar de correr atrás de pássaros, são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância.

O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele interior ainda hoje são retratados sobre a tela e o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar.

Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza. 

Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significa travar uma constante luta comigo mesmo. 

O sofrimento e a alegria de produzir. 
O que será que me faz ficar assim tão absorto?

É o belo.
O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo.
Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?

Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva aos dez uma paisagem de outono. Aos vinte e dois anos comecei a pintar a óleo sobre tela, frutas e paisagens da colônia e, em 1953 passei a me preocupar com as cores e formas.

Em 1958 explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro de esperança e excitamento.
‘Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então minha vida foi toda talhada de obras’.

Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e de paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou.

Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida”.

Manabu Mabe, 1985

 tela: "Paisagem de Lins" - óleo sobre tela - 50 x 60cm (1949)

Caixa Cultural Rio
Galeria 2
Av. Almirante Barroso, n° 25 - Centro/RJ
Tel: (21) 3980-3815

Até 08/09/2013
De terça a domingo, das 10h às 21h
Entrada franca

Permitido fotografar sem flash

fonte: Caixa Cultural Rio

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