Os diplomados serão identificados como "jornalista profissional"; já os que conseguiram o chamado registro precário, por força da liminar de 2001, serão identificados como "jornalista/Decisão STF"; os demais, sem formação, serão identificados somente como "jornalista" (fonte: Comunique-se).
O fim da exigência do diploma para o exercício do jornalismo,dividiu a categoria. Enquanto órgãos como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) se demonstraram contrárias à decisão, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) mostrou-se simpática à causa. Já os universitários com o curso de jornalismo em andamento também se posicionaram contrariamente à batida de martelo do STF (houve passeatas e manifestações em frente à sede da ABI, no centro do RJ).
A discussão, no meu entendimento, chega a ser hipócrita e até mesquinha. "Nada no mundo é absoluto; tudo é relativo", dizia Einstein. Conheço alguns jornalistas graduados com certa dificuldade para redigir e outros tantos com deficiências posturais (comportamento); de outra forma, outros sem graduação apresentam notável talento para o exercício da profissão.
Há um filme de 1987 que revela bem esse quadro: Nos bastidores da notícia. O filme, ambientado num telejornal diário, confronta as personagens dos atores William Hurt (sem formação específica, mas que demonstra habilidade e competência inata - leia-se: vocação) e de Albert Brooks (profissional graduado, mas cujo desequilíbrio emocional o desqualifica para a função de apresentador).
Mas retornemos à hipocrisia e a mesquinhez que mencionei: enquanto o pessoal se presta a discutir se diploma garante competência ou emprego ao seu titular, os políticos brasileiros estão aí, sem formação específica, sem diploma, sem competência,, sem o mínimo preparo, a destruir a educação em todas as esferas e empregadinhos da silva, governando o nosso país. Isso ninguém discute.
Como dizia Zé Ramalho, em Admirável gado novo: "Ê, ô, ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo feliz...".
Francisco Filardi