terça-feira, 22 de maio de 2018

GRADUANDOS QUE ATUAREM COMO MESÁRIOS PODERÃO GANHAR HORAS HAC NAS ELEIÇÕES 2018


Universitários e alunos de escolas técnicas que trabalharem como mesários nas próximas eleições poderão ganhar até 80 horas de atividades complementares (horas HAC), necessárias para a conclusão da graduação. Até o momento, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) já firmou convênio para a concessão do benefício com  49 instituições de ensino superior em todo o estado, entre as quais UniRio, UFF, UFRRJ, IBMEC e Faetec. Além disso, graças a uma parceria do TRE-RJ com o Conselho Seccional da OAB/RJ, os estudantes de Direito que atuarem como mesários ganharão 40 horas de estágio por cada turno de trabalho nas eleições.
O objetivo da Justiça Eleitoral é incentivar os estudantes a se inscreverem como mesários. Somente neste ano, o cadastro de mesários voluntários do TRE-RJ  já recebeu mais de 14 mil inscrições. Quem quiser atuar como mesário voluntário nas eleições de outubro pode se inscrever pelo site do TRE-RJ ou pessoalmente em seu cartório eleitoral.

 O mesário recebe auxílio-alimentação, tem preferência no desempate em concursos públicos, se previsto no edital, e ganha dois dias de folga no serviço público ou privado por dia de treinamento e de trabalho. A relação completa das instituições de ensino parceiras e o número de horas concedidas estão no site do Tribunal.

Inscreva-se como Mesário Voluntário.


fonte: assessoria de imprensa do TRE/RJ

sábado, 5 de maio de 2018

UM PROTESTO CONTRA O TESTE DE PRODUTOS COSMÉTICOS EM ANIMAIS



A rede de lojas The Body Shop está com uma campanha em andamento para por fim aos testes de produtos e ingredientes cosméticos em animais.  A petição necessita de pelo menos 8 milhões de adesões para que a proposta seja encaminhada à Assembleia Geral da ONU.

Toda forma de maus tratos a animais deve ser banida. Assine a petição eletrônica.   

terça-feira, 1 de maio de 2018

O QUE O TEMPO E O VENTO NÃO LEVAM, DE FRANCISCO FILARDI


Morelli batia ponto no serviço público havia mais de quarenta anos. Da turma que começara com ele, uns se aposentaram. Outros, falecido. Dentre os remanescentes, ainda na ativa, era Adalgiza quem tentava convencê-lo a aposentar-se, para cuidar da saúde e aproveitar a vida. Mas o teimoso Morelli insistia em ficar. Defendia-se, argumentando que, se ela mesma não o fazia, não havia razão para tal. Mas se Adalgiza adiava a decisão devia o fato ao amigo a quem não desejava abandonar. Já Morelli receava que, indo para casa, talvez tivesse a mesma sorte de muitos de seus pares.



Ele não tinha família. A mulher, com quem convivera por mais de trinta anos, falecera há uns oito, e o golpe, duríssimo, fora assimilado com dificuldade. Vez ou outra, os colegas o pegavam, choroso, num canto qualquer da repartição. Nos corredores, corria a crença de que a saudade da falecida esposa não era o motivo pelo qual Morelli rejeitava a aposentadoria, mas o pavor da solidão. Dora, sua única filha, casara-se com um militar de alta patente e transferira-se para o sul do país, há seis anos, por conta do trabalho do marido. Vinha ao Rio de Janeiro somente para as festas de fim de ano, período que coincidia com as férias do casal. E a distância, medida em quilômetros, dificultava-lhe a assistência ao pai. Nos últimos dois anos, os problemas de saúde de Morelli se agravaram. Desconfortos à altura do peito o levavam a frequentes visitas ao departamento médico do órgão. E, não raro, os especialistas aconselhavam-no a ir para casa. Em definitivo. Mas o teimoso Morelli resistia.



Fato é que o setor onde os amigos Morelli e Adalgiza trabalhavam, assim como todo o órgão, foi-se renovando com o passar dos anos. Uma decorrência natural do processo evolutivo. A garotada, aprovada em concurso público, foi chegando devagar e tomando conta do pedaço. O velho cedendo espaço para o novo. Como deve ser. No entanto, Morelli, que era das antigas, não só quanto ao tempo de serviço mas quanto a forma de pensar, nutria um sentimento romântico, defasado e (por que não?) preconceituoso em relação aos colegas mais novos. Entrara no serviço público pela janela, como se dizia, porque seu pai fora um respeitável juiz, alçado, em fim de carreira, à condição de desembargador. Morelli tinha orgulho do pai e, claro, de sua própria condição. Acreditava, convicto, em ser detentor de um privilégio dinástico. Do que ele não fazia ideia, porém, é que só em respeito ao nome e ao histórico profissional de seu nonagenário progenitor que os chefes o toleravam.



Tal esclarecimento se faz necessário para entender que Morelli não gostava dos concursados. Mas não era pelo fato de os jovens serem concursados. Ou de representarem uma ameaça ao posto de que se apropriava por direito quase divino. Ele colocava em xeque a competência da garotada e o fazia abertamente, sem papas na língua, como dizia vovó.

Certo dia, Evandro, homem inteligentíssimo, na casa dos trinta, estudioso e graduado em Direito, que trabalhava ali há pouco mais de um ano, transitava pelo corredor próximo à sala onde Morelli e Adalgiza conversavam.  E ouviu a queixa do colega:



- Quer saber, Giza? Eu não troco a experiência dos mais velhos pela falta de compromisso dos mais novos!



Evandro não retrucou. Fez de conta que não era com ele. Apenas guardou para si o comentário do já quase septuagenário colega. Cinco meses depois, toda a repartição fora convocada para a sala do diretor. Era uma sexta-feira, final de tarde. A notícia foi dada e todos comemoraram a aprovação de Evandro para o cargo de Juiz de Direito, festejada com bolo, salgadinhos, refrigerantes e sucos de frutas, por conta da administração. Evandro se mostrou sensibilizado com a gentileza do corpo diretivo e dos colegas. Mas não perdoou Morelli. Aproximou-se deste, ao fim da comemoração e, pouco antes de deixar o recinto, disparou em particular:



- Eu não troco a inteligência da garotada pelo comodismo dos mais velhos...



Morelli perdeu a cor, estacou ali. Sentiu o golpe. Mais um golpe, duríssimo. O que dissera dias antes a Adalgiza, ele compreendeu, magoara o colega. 

Evandro foi empossado no novo cargo quinze dias após a comemoração. Já Morelli veio falecer dezoito dias após a posse do ex-colega, a qual não compareceu. Saiu do mundo de fininho, talvez por vergonha. Ou por tristeza, como disseram amigos próximos. Adalgiza, por sua vez, sentida com a ausência do colega e amigo de longa data, decidiu aposentar-se. E partiu, também, quatro meses depois.



Já Evandro, este atuou como profissional do Direito de forma devotada e leal, o que se espera de um magistrado. Soube do passamento dos ex-colegas somente um ano e quatro meses depois de sua posse. E arrependera-se do que dissera a Morelli. Porque mal se iniciara na carreira, maculara-a já com uma tremenda injustiça.

(Filardi)