segunda-feira, 20 de junho de 2011

O MÁGICO DE OZ EM TEMPORADA ATÉ FINAL DE JULHO EM SÃO PAULO


De volta aos palcos o clássico O Mágico de Oz traz uma história fantástica, cheia de surpresas e personagens inesquecíveis. Uma linda aventura, em um lugar além do Arco-Íris.

De uma forma mágica e inusitada a história da menina Dorothy é contada e ilustrada através de um livro que leva o público a vivenciar grandes surpresas: a garota Dorothy é representada por uma oriental, o Homem de Lata por um legítimo inglês que tem um sotaque que traz uma graça toda especial ao seu personagem, o que torna mais divertida e engraçada a interação com a plateia. E ainda uma passagem de preto e branco para o colorido que faz com que as crianças vivam ainda mais esse sonho. Uma história que educa e tem seu lado ecológico onde em cada apresentação é plantada em cena uma mudinha de planta e doada para uma criança da plateia para que ela cuide com carinho. É interessante ressaltar que todo o cenário é feito de material reciclado como papelão e sucata, incentivando ainda mais a preocupação com a sustentabilidade e educação ambiental.

Os diretores Fernando Saba e Danilo Cianciarulo já dirigiram inúmeras peças, inclusive em parceria. E devido ao sucesso de suas montagens, decidiram somar suas características e experiências, convidando atores com quem já haviam trabalhado anteriormente e assim formaram o Grupo Teatral Babaganuche.

Sinopse:

Em uma pequena fazenda, Dorothy mora com seu tio e sua vida nada tinha de especial até que um misterioso furacão a leva para um lugar distante, um mundo mágico conhecido como “O Mundo de Oz”.

Dorothy e seu inseparável cachorrinho Totó encontram novas companhias: o Espantalho que sonha em ter um cérebro, o Homem de Lata que quer um coração e um Leão covarde que procura coragem. Juntos se tornam amigos e precisam encontrar o “Mágico de Oz” para que atenda aos seus pedidos e ao grande desejo de Dorothy de encontrar o caminho de volta para casa.

Adaptação: Fernando Saba e Danilo Cianciarulo

Direção geral: Fernando Saba

Assistente de direção: Danilo Cianciarulo

Elenco: Alda Monteiro Ribeiro, Barry Baker, Danilo Cianciarulo, Danyel Alves, Érica Suzuki e Fernando Saba.

Informações:

Temporada: Junho/Julho de 2011

Teatro Clube Helvetia - Av. Indianópolis, n° 3145 - Indianópolis

E-mail: contato@fernandosaba.com.br

Dias e horários: Sábados e Domingos, às 16h00

Ingresso: R$ 30,00 / R$ 15,00 (Meia)

Classificação indicativa: Livre

domingo, 5 de junho de 2011

A PRAGA DOS HOMENS-GAFANHOTO

Enquanto a sociedade globalizada discute o aquecimento do planeta, a savanização da Amazônia, a iminente escassez de água e de alimentos, o desordenado crescimento das metrópoles, os índices alarmantes de violência e alternativas para o descarte de materiais inservíveis, entre outros assuntos não menos urgentes, paira no ar a sensação de que nós, cidadãos comuns, estamos longe de compreender os mecanismos que fazem mover os moinhos do mundo.

A avidez com que o homem atua no meio social, seja para a satisfação de necessidades, seja para o atingimento de objetivos pessoais ou organizacionais, deixa à mostra seu talento incomum para caminhar sobre terrenos movediços e desprezar o que põe em risco a sobrevivência da espécie e do planeta. Avidez é uma vontade desmedida, que não tarda a transformar-se em fome.

Você tem fome de quê?” – perguntam os Titãs, em “Comida”. A fome humana navega no submundo de seus interesses políticos, religiosos, culturais, econômicos, sociais e ideológicos, entre outros. Uma conveniência que o conduz pela trilha da insensatez e da irracionalidade, câncer que se ajusta à diretriz dos agrupamentos humanos através dos séculos: depende da intensidade do apetite e da oportunidade, não necessariamente do sabor da iguaria.

No que tange a essas particularidades (intensidade do apetite e oportunidade), o homem encontra no gafanhoto um paralelo à altura. Gafanhotos são consumidores vorazes; devastam nas lavouras o equivalente a 80% do seu peso, por investida. Imaginem o estrago causado por uma nuvem desses insetos. Nós, humanos, não somos diferentes. Consumimos com semelhante ímpeto e espantosa velocidade. Contudo, diferentemente dos gafanhotos, não nos alimentamos apenas para saciar a nossa fome orgânica, biológica. Sugamos a energia vital do que encontramos pela frente, para atender a uma demanda por poder.

Quando nos deparamos com fenômenos que atestam a fragilidade das nossas relações na grande teia social, a exemplo da contrafação (“pirataria”), do terrorismo, dos bolsões de pobreza, da favelização, do tráfico de drogas, da dizimação das comunidades indígenas e das reservas ecológicas, das práticas massacrantes do lucro pelo lucro, dos ineficientes e arcaicos serviços de saúde e de educação, do descaso das autoridades e da inoperância do aparelho judiciário, por exemplo, desconstruímos, tijolo por tijolo, o ideal de sociedade democrática. Potencializamos o seu caráter autofágico e afastamo-nos, assim, da nossa condição humana.

Talvez os efeitos desse “Você tem fome de quê?” se amparem nas deficiências históricas de nossa educação formal. Talvez. Mas o cerne primário da questão deriva do enfraquecimento dos elos afetivos e da ruptura da hierarquia familial, cujo efeito mais evidente é a inexistência de referências para a formação do caráter e para a construção do ser moral.

Quando um pai, ou mãe, não ensina aos seus filhos que as ruas são um bem público e que jogar lixo nas calçadas é uma questão de responsabilidade social (ação essa que repercutirá direta ou indiretamente na vida de outras pessoas, inclusive na delas próprias), esse pai, ou mãe, estará contribuindo para a perpetuação da praga dos gafanhotos. Filhos tendem a herdar ou absorver a atitude dos pais e/ou daqueles que lhes são próximos. Não havendo a noção de respeito e a imposição de limites, a situação foge do controle. E sem controle, essa praga, tal como a dos insetos, provoca um outro fenômeno - que atende pelo nome de caos social.

É improvável que a humanidade venha a corrigir as imperfeições de sua conduta moral, mas os efeitos da gafanhotização do homem podem e devem ser freados. Já maltratamos demais o planeta. Precisamos acreditar que nossa fome de viver poderá salvar a Terra e toda a complexa rede de estruturas vivas que a habitam. Não é difícil. E não nos custará tentar.


Francisco Filardi