A ideia da rede NBC era formar uma
banda de laboratório para estrelar um show na TV. O atrativo,
voltado para o público jovem, seria um misto de musical e comédia.
As audições, anunciadas em jornais, contaram com a participação
de mais de 400 candidatos na faixa etária entre 17 e 21 anos, e
dessas participaram até artistas já conhecidos, como o músico
Stephen Stills (Crosby, Stills & Nash).
Assim,
o quarteto formado por David Jones, Michael Nesmith, Peter Tork e
Micky Dolenz (que era guitarrista de origem, mas assumiu as baquetas
no programa), foi contratado em 1965 com a suposta missão de conter
a invasão da beatlemania na América. O problema é que os
produtores da NBC não contavam que o tiro sairia pela culatra: além
de falhar na pretensiosa e ingrata missão de frear os Beatles, o The Monkees
repercutiu de forma avassaladora (monkeemania), tanto em seu país
de origem quanto em outras praças, inclusive no Brasil.

O
projeto tinha tudo para dar errado, por reunir pessoas tão
diferentes: Jones, era o romântico; Tork, o intelectual; Dolenz, o
roqueiro; e Nesmith, o country/folk. Além disso, todos eram
vocalistas com potencial para se tornar o bandleader. Mas foi justo
essa mistura heterogênea, apoiada no talento dos músicos e
letristas Tommy Boyce e Bobby Hart, que fez os Monkees estourarem. O
que era uma banda de laboratório tornou-se um grupo musical
autêntico que, a partir de seu terceiro álbum de estúdio,
intitulado Headquarters (Colgems, 1967), passou a trabalhar em
canções autorais. Desse disco, tornaram-se sucessos You told me,
Forget that girl, You just may be the one e Randy scouse git. A essa
altura, o grupo já arrastava uma legião de fãs, em todos os países
em que a série foi exibida.
Os
Monkees tiveram uma carreira longeva, mas que, obviamente, teve seus
altos e baixos. Balançou primeiramente como fim da série, em 1968
(após 58 episódios); em seguida, em 1971, quando Nesmith deixou o
quarteto para formar a banda country First National Band. Durante
muitos anos, o sucesso dos Monkees ficou aparentemente restrito aos
Estados Unidos, com suas canções sendo esquecidas por radialistas
de outras nacionalidades. O que reacendeu o interesse pelos Monkees foi a
internet, em especial o YouTube, que recebeu inúmeras postagens de
fãs, ao redor do planeta. Jones, que já era contratado da Screen
Gems, quando o The Monkees foi formado, faleceu em 2012; Tork, em
2019; e Nesmith, em 2021.
O
Monkee remanescente, Micky Dolenz, homenageou Michael Nesmith com o
álbum Micky Dolenz sings Nesmith (2021), que reúne exclusivamente
canções da autoria de seu amigo de longa data, porém com novos
arranjos e produção do filho de Nesmith, Christian.
Micky
Dolenz sings Nesmith foi gravado entre setembro de 2020 e fevereiro
de 2021 – ou seja, o projeto já se encontrava em andamento quando
Nesmith veio a óbito – e lista canções escritas ao longo da
carreira de Nesmith, gravadas com o The First National Band e com os
Monkees.
Lançado
pela 7A Records, o álbum solo de Dolenz é o primeiro de estúdio,
após um hiato de nove anos.
Dolenz, à esquerda, e o homenageado Nesmith
Lista
de canções
1.
Carlisle wheeling
2. Different drum
3. Don’t wait for
me
4. Keep on
5. Marie’s theme
6. Nine times blue
7.
Little red rider
8. Tomorrow and me
9. Circle sky
10.
Propinquity (I’ve just begun to care)
11. Tapioca tundra
12.
Only bound
13. You are my one
14. Grand Ennui (CD bonus
track)