Em
23 de novembro de 1887, nascia William Henry Pratt, em Camberwell
(Londres, Inglaterra). Apesar de nascido em berço de classe média,
não teve vida fácil, pois perdeu os pais ainda na infância, numa
família com outros sete irmãos e uma irmã.
Querendo
conquistar seu espaço na carreira cinematográfica, vai para o
Canadá, em 1909, e lá adota o nome artístico Boris Karloff, com o
qual seria imortalizado na história do cinema mundial. Além disso,
fez muitos trabalhos em teatro e rádio.
No
ano de 1919 surge sua primeira oportunidade no fantástico mundo do
cinema, com o filme His majesty, the american. É verdade que
foi uma ponta, mas Karloff soube aproveitá-la e conseguiu expressar
seu talento. Tanto que foi chamado para outras tantas pontas, entre
filmes mudos e sonoros, acumulando um modesto cachê.
Em
1931, veio a grande chance: Boris Karloff é chamado para viver o
monstro de Frankenstein. Além do incontestável talento,
Karloff se mostrou um ator paciente, mantendo o seu bom humor.
Levava horas sendo maquiado e esperava secar para mais maquiagens! Chegou
a ir para casa maquiado, tendo que dormir com todo cuidado, para no
dia seguinte apenas fazer retoques. O filme foi um sucesso.
Boris Karloff caracterizado como o monstro anônimo
do filme Frankenstein (1931), para a Universal Studios
A
partir daí, Boris Karloff passou a ser muito requisitado, seu nome e
sua fama se alastravam por todo o mundo, enquanto ia arregimentando
mais e mais fãs. Ele interpretava não só os clássicos vilões do
Horror, como também figuras doentias, cientistas loucos e tal.
Entre
outros, Karloff chegou a trabalhar com grandes nomes do gênero, como
Bela Lugosi, John Carradine, Peter Lorre, Vincent Price, Basil
Rathbone e Lon Chaney Jr. Mas, eclético como era (embora marcado
pelo Horror), chegou a trabalhar com a grande dupla de comediantes
Abbott e Costello (Abbott and Costello meet the killer, Boris
Karloff, em 1949, e Abbott and Costello meet Dr. Jekyll and Mr.
Hyde, em 1953).
Conforme
a idade avançava, a saúde de Karloff sofria sérios abalos. Além do que teve um problema na perna que o incomodava bastante. Mas não era o bastante para que fugisse do trabalho, pois este era o grande prazer de sua vida. E,
mesmo apoiado em bengalas ou preso a cadeira de rodas, ele preservou
o bom humor e a lucidez.
Em
1971, foi lançado um curiosíssimo lote com 4 filmes (produções
mexicanas de 1968) com Boris Karloff. As cenas dele foram gravadas
nos Estados Unidos e mixadas com as tomadas feitas no México
(paralelamente e também após sua morte). Até acamado, em casa,
filmou.
O
ritmo das gravações era alucinante, os cenários eram sobras de
outros filmes, os estúdios eram pequenos, a verba muito modesta, os
atores se revezavam nos filmes e até a rústica “nave espacial”
de um filme foi utilizada em outro. E tudo isso no mesmo lote de 4
filmes, que revelou bons nomes do gênero, como a soturna Julissa.
Para
se ter uma ideia destas pérolas cultuadíssimas, A serpente do
terror traz Karloff num papel dúbio, de clima lúgubre e trama
obscura. “Serenata do terror tem um roteiro deliciosamente
relapso e descontraído. Invasão satânica é o mais
estrambótico do lote. E Câmara do pavor, o mais bizarro.
Todos com personagens caricatos, freaks ou insanos.
Karloff,
Monstro Sagrado do Horror, veio falecer a 2 de fevereiro de 1969, aos
81 anos de idade, em Sussex, Inglaterra. Foram 50 anos de atividades
em prol da carreira cinematográfica, mais de 150 filmes e
incontáveis aparições em programas de TV, shows e séries. Por
isso tudo, e muito mais, Boris Karloff é, até hoje, ídolo de uma
legião de fãs, que adquirem seus filmes, promovem sessões de
vídeo, fazem fanzines, abrem sites etc.
Sergio
Júnior*
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Sergio Júnior é editor dos fanzines "Fécum" (que completa 40 anos em circulação neste ano de 2019) e "Guiminha". É também membro do fã-clube oficial do Capitão AZA.