“O que é a arte? Qual a finalidade da minha pintura?". Um certo dia
pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte
anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou.
Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas,
brincar de correr atrás de pássaros, são como poesias líricas
inesquecíveis de minha infância.
O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior
ainda hoje são retratados sobre a tela e, o sonho daquele interior ainda
hoje são retratados sobre a tela e o sonho daquele jovem coberto de
suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos
sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e
torna a desenhar.
Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza.
Aprender a manejar o belo e explorar a arte, significa travar uma constante luta comigo mesmo.
O sofrimento e a alegria de produzir.
O que será que me faz ficar assim tão absorto?
É o belo.
O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo.
Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo?
Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva aos dez uma paisagem de outono. Aos vinte e dois anos comecei a pintar a óleo sobre tela, frutas e
paisagens da colônia e, em 1953 passei a me preocupar com as cores e
formas.
Em 1958 explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro de esperança e excitamento.
‘Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então minha vida foi toda talhada de obras’.
Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de
guerra e de paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os
acontecimentos do mundo como parte dele que sou.
Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa
insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e
momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e
a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de
um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida”.
Manabu Mabe, 1985
tela: "Paisagem de Lins" - óleo sobre tela - 50 x 60cm (1949)
Caixa Cultural Rio
Galeria 2
Av. Almirante Barroso, n° 25 - Centro/RJ
Tel: (21) 3980-3815
Até 08/09/2013
De terça a domingo, das 10h às 21h
Entrada franca
Permitido fotografar sem flash
fonte: Caixa Cultural Rio
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