terça-feira, 20 de junho de 2017

MULHER MARAVILHA (2017) NÃO É ISSO TUDO...



Após ouvirmos comentários favoráveis sobre o filme Mulher Maravilha (2017), Intervalo Cultural Rio foi ao cinema dar uma conferida na história de Zack Snyder, Jason Fuchs e Allan Heinberg (este último quem assina o roteiro).

Themyscira é uma ilha paradisíaca, inacessível aos humanos, onde vivem somente mulheres guerreiras, as Amazonas, que treinam para a batalha iminente contra Ares, o Deus da Guerra (David Thewlis, o professor Lupin da franquia Harry Potter). A ilha é descoberta com a chegada acidental do capitão da Força Aérea dos EUA, Steve Trevor (Chris Pine), em fuga dos alemães, durante a Primeira Guerra Mundial. Trevor é resgatado do mar por Diana (Gal Gadot) e, a partir daí, estabelece-se um paralelo com a Bíblia; ao conhecer a verdade sobre o mundo dos homens, cai por terra a inocência de Diana (o que corresponde à perda da inocência do homem no Paraíso de Deus). Diana, princesa de Themyscira, filha de Hipólita (Connie Nielsen) e Zeus, seria a versão feminina de Jesus, uma vez que a deusa deixa o paraíso e vem à Terra para salvar o homem de si mesmo.

Esse paralelo, ainda que não óbvio, não salva o filme de Patty Jenkins da armadilha dos clichês, como na cena da morte de Antíope (Robin Wright), tia de Diana, a quem deixa o seu legado, ou ainda em cenas exageradas e inverossímeis, como o ataque de Diana ao front alemão. A intensidade da ação desloca a atenção do espectador para o que não é essencial. Nesse ponto, não há como não lembrar de "A vida é bela" (1997), do italiano Roberto Benigni, filme que apresenta uma boa ideia, mas cheia de furos. Decerto, o cinema, bem como a Arte de modo geral, não possui relação com a verossimilhança, mas compreendemos que quanto mais distante do crível estiver a história, menor será seu poder do convencimento. É o caso de Mulher Maravilha. Ou seja, o filme carece de uma lapidada nos excessos.

As cenas de ação, que impactam na garotada, são bem desenvolvidas, mas a produção de Snyder se vale da mesma técnica de combate empregada em "300" (releitura de "Os 300 de Esparta", de 2007), que dirigiu. Nada que não tenhamos visto. Assim sendo, Mulher Maravilha é previsível, como a esmagadora maioria dos filmes de heróis. Na batalha final contra Ares, não há como não lembrar de Cyclope, dos X-Men.

Ao contrário do que vem sendo discutido na imprensa, Mulher Maravilha não é um filme que prega o feminismo ou o empoderamento da mulher. O que se propõe é mais amplo. É sobre a crença/descrença no ser humano, sobre essa criatura confusa, cheia de idiossincrasias e dramas pessoais e coletivos, capaz de maravilhas e de abominações. Ou seja, é sobre a validade de lutarmos pela humanidade. A luta de Diana Prince é a luta das pessoas de bem, em todo o planeta.

Por fim, a atuação de Gal Gadot, atriz de beleza comum e charme juvenil, não compromete. Mas, no geral, Mulher Maravilha é diversão pipoca, não passa de um filme mediano.

(Filardi)

2 comentários:

  1. Gostei da crítica detalhada. Foi dura, mas ainda vou assistir, mesmo sabendo que é um pipocão! Rsr

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    1. Mano Thiago, não me leve tão a sério. Assista ao filme. É que minha tolerância aos títulos de heróis anda baixa que só! (rs). Abração!

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