Assim como em "Os Muppets
conquistam Nova Iorque" (1984), "The Muppets" (2011) é
alinhavado por uma proposta crítica e, a um tempo, saudosista, para
fazer o público pensar e emocionar-se.
O boneco Walter, admirador fervoroso
da turma criada por Jim Henson, viaja para Los Angeles e vai até ao
estúdio onde os Muppets gravavam seu programa, agora abandonado e
sujo. Lá, Walter descobre, acidentalmente, que um empresário
picareta deseja adquirir o local e instalar ali o Museu Muppet, uma
fachada para explorar o petróleo que há sob o terreno. É aí que
a história começa. Walter procura Kermitt (Caco, o sapo, no
Brasil) e ambos se propõem a reunir a velha turma, há muito
separada, para fazer um programa nos moldes do teleton e angariar a
quantia 10 mil dólares, até a meia-noite de determinado dia, para
reaver o antigo estúdio. Para isso, fazem algumas loucuras, como o
sequestro de um astro do cinema. O filme é divertido, inteligente e
vale pontuar algumas situações:
1 - O "The Muppet Show" foi
um programa televisivo de grande sucesso na TV estadunidense (e
também no Brasil). Teve cinco temporadas (entre 1976 e 1981), dele
tendo participado inúmeras celebridades como os cantores Harry
Belafonte e Rita Moreno, e também o saudoso baterista Buddy Rich.
Por que o programa saiu do ar? Simples: queda na audiência. É
claro que há um desgaste observável nas séries longevas, mas nos
Estados Unidos muitas séries produzidas nos últimos dez anos, não
passam da primeira ou da segunda temporada. Isso é terrível, tanto
para os atores (vítimas do desemprego), quanto para o público
(órfãos de personagens com as quais se identificam). Aqui, no
Brasil, copiamos esse modelo (valorização excessiva – e por que
não, exclusiva? - dos índices de audiência, em detrimento da
qualidade dos programas), o que é uma celebração ao dinheiro e um
grave desrespeito para com os espectadores;
2 - Ao reencontrar os velhos amigos,
Kermitt se vê chocado com a realidade: mesmo longe da fama, alguns
encontraram o caminho, são bem sucedidos no mundo dos negócios, mas
outros não tiveram a mesma sorte: sobrevivem com dificuldade, em
estado de pobreza. Esse quadro reflete a realidade de muitos
artistas, desligados das emissoras de TV por não se destacarem. Há,
no entanto, alguns amigos de Kermitt que, no íntimo, sempre
alimentaram a vontade de reacender a chama da paixão pelo
entretenimento - e reviver a glória do "The Muppet Show".
Já outros relutam, embora aceitem rever a decisão por motivos que
não revelo;
3 - Quando Kermitt e sua turma vão
conversar com uma empresária do ramo televisivo, esta lhes mostra um
painel com o que "está na moda", o que "faz sucesso"
hoje. Os Muppets estão fora de questão, segundo ela, porque foram
"esquecidos". Ela, então, dá uma amostra da preferência
do público: um “reallity show” intitulado "Hora de bater no
professor", em que alunos vestidos com luvas de boxe esmurram um
professor. Uma tremenda crítica à boçalidade que tomou conta da
TV do século XXI, que exibe programas despropositados, sem
compromisso com a função educativa; "cópias carbonadas"
que se proliferam como vírus, maquiados pela suposta intenção de
divertir o público, mas que, em verdade, resultam de um velado
processo de imbecilização do espectador;
4 - O programa é transmitido ao vivo,
mesmo com o teatro vazio. À medida que seguem as atrações, os
telefones tocam. Artistas como Whoopi Goldberg e Selena Gomez chegam
para ajudar (o mestre de cerimônias é o astro sequestrado de que
falamos). E, incrivelmente, pessoas saem de suas casas e dirigem-se
ao teatro;
4 - Enquanto os Muppets realizam seu
teleton, a câmera alterna cortes entre o que ocorre no palco do
teatro e nas casas dos espectadores. Não são apenas crianças que
estão diante da TV: são famílias. Essa foi outra grande sacada do
filme: o "The Muppet Show" não era um programa para
crianças, mas para toda a família. Quantos programas da TV, hoje,
são feitos para a família se divertir, rir e encantar-se em
comunhão?
5 - O empresário pilantra sabota a
apresentação, cortando a luz do teatro. Por um “pentelésimo”
centavo de dólar, Kermitt e sua turma não conseguem o dinheiro para
reaver o antigo estúdio. Mas antes de deixarem o teatro, o velho
sapo se posiciona na escadaria, um pouco acima de seus companheiros,
e discursa para os demais Muppets. Eles não fracassaram; fizeram o
seu melhor, tentaram. Kermitt acredita neles, porque são uma
família. E afirma que todos deixarão o teatro de cabeça erguida.
Quando Kermitt destrava a porta do teatro e alcança a rua, fica
estarrecido com o que vê: uma multidão os espera! E aí a sacada
final do filme: o público não esquece seus artistas amados! Jamais!
Francisco Filardi
Interessante, você gostou do filme? É excelente, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação do atriz Amy Adams neste filme. O último que eu vi foi a Liga da Justiça, na minha opinião, foi um dos melhores personagens da liga da justiça. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção, um filme que se converteu em um dos meus preferidos. Sem dúvida o veria novamente! É uma boa opção para uma tarde de filmes.
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