quinta-feira, 22 de junho de 2023

TARÔ, MUITO MAIS QUE UMA INTUIÇÃO - ENTREVISTA COM A TARÓLOGA PATRICIA SILVEIRA


1- Em que momento da sua vida você resolveu estudar para ser taróloga e por que isso te atraiu?

Minha história com o tarô começa aos 17 anos. Comprei no extinto Círculo do Livro (quem tem mais de 40 lembra) um livro que vinha com um tarô. Durante a adolescência, acredito que tenhamos uma sintonia, além de certa curiosidade sobre o oculto ou o mundo invisível, embora desde menina já fosse sensível às energias. Comecei jogando para minhas amigas e aparentemente era boa com associações. Dos 17 até os 47, tem um gap imenso porque caí na armadilha de tentar me encaixar na sociedade e padrões.

2017 foi um ano divisor de águas. Saí de um emprego numa multinacional, meu parceiro terminou a relação e tive que trancar psicologia. Então, um dia, ao chegar em casa de um temporário que fui fazer, estava muito triste. Meu primeiro tarô, que estava em cima do armário, caiu quando fui tirar um bicho que estava lá. Opa, veio uma intuição!  E, a partir daí, aos poucos fui quebrando minhas crenças e investindo em algo que sempre amei fazer e assumi (ainda que com muitas críticas) o tarô.

Para mim, faz sentido estudar sobre os arquétipos do tarô, compreendê-los para que eu consiga, através dos atendimentos, dar uma diretriz, mapear cenários e perfis. Acredito que a mudança está em nós e não há verdades absolutas. Tudo está em nós.  O estudo do tarô começou em 2020, através de pesquisas que realizei para encontrar um curso que viesse ao encontro do que pensava. E achei o Instituto Cintia Balotta, em São Paulo. Tarô não é só intuição; é muito estudo, sempre. Daí não parei mais. Fui me aprimorando e hoje conto com uma rede de apoio que me ajuda nessa transição.


2 – Quais as perguntas que não devem ser feitas no Tarô?

Você pode perguntar o que deseja, mas o método que utilizo é diferente. Por exemplo: Tenho o dedo podre para o amor. O que há de errado?. Sempre peço permissão aos meus clientes para ressignificar a pergunta. Porque identifico que já há uma crença limitante na própria pergunta. O que posso buscar para me aprimorar nos relacionamentos afetivos?. Desta forma, coloco o consulente em um posicionamento diferente: de cocriador da sua existência. Não há pergunta que não possa ser feita, mas a melhor forma de ser feita para obter um aconselhamento que te trará paz e coragem.


3 – Na sua opinião o que o tarô tem a ver com a espiritualidade?

Cada um possui uma forma de se conectar com sua espiritualidade. Experimentei várias doutrinas, estudei e estudo sempre sobre todas e cada uma delas me ensinou algo distinto que aplico em meu dia a dia. Então, creio que cada um possui uma forma de se conectar ao Divino/Universo/Deus/Orixás/Guias/Mentores/Santos de Devoção quando entramos no estado meditativo da prece, estando comprovado cientificamente que acessamos regiões no nosso cérebro que liberam transmissores os quais trazem benefícios. Então, a espiritualidade faz bem. É ativar o cérebro para alcançar o equilíbrio. Isto posto, conectar-me com essa parte me permite mapear conexões, estar bem assessorada e atenta às palavras, posturas e à minha ancestralidade que provém dos ciganos.


4 – Como o tarô lhe fortaleceu como pessoa?

Confesso que foi um processo de formiguinha. Juntamente com os estudos e o curso, perguntei aos amigos mais próximos se se incomodariam de me ajudar, se eu poderia jogar para eles. De lá para cá, pelos feedbacks indicativos de meus pontos fortes e pontos a melhorar, venho me apropriando de pequenas coragens, das conexões e associações positivas e assertivas, mas o que me deixa mais segura é que todos que me procuraram saíram melhores e com um caminho. Isso me fortalece como pessoa, me ajuda a ter cada vez mais força e curiosidade para estudar e oferecer o meu melhor. Me empodera e me acolhe.


5 – Qual é a parte do tarô que as pessoas ignoram?

Bom, como a abordagem é terapêutica, e não divinatória, entendo que temos que treinar a nossa fala e, principalmente, nos colocarmos no lugar do outro, ao identificar momentos desafiadores. As pessoas acreditam que o tarô seja algo apenas intuitivo. Mas um profissional que deseja oferecer um melhor serviço está sempre estudando, fazendo cursos, procurando entender a necessidade da pessoa que busca esse tipo de profissional, suas ansiedades, questões, sofrimentos. Além da intuição, envolve estudo, empatia, sensibilidade e acolhimento.


6 – Quais tipos de atendimento você faz?

Realizo dois tipos de atendimento: um simples, com fotos e áudio; e outro, completo, com fotos das cartas, áudio e um mapa tarológico.


7 – Você faz consultas ao vivo e on-line?

Combino com o/a consulente sempre um horário, à noite, em que ele/ela possa relaxar e meditar. A partir disso, por princípio de sincronicidade, me preparo e abro a mesa para jogar. Por questões de logística, porque a taróloga é mãe, esposa, dona de casa, o horário mais silencioso é quando todos se deitam e vão dormir. Na manhã seguinte, já estão no celular da pessoa os áudios e as fotos. Geralmente, passo a noite jogando, analisando, vendo a melhor maneira de falar. Os dados que peço são sempre o nome e as perguntas. Evito a comunicação por redes sociais, para que não haja dúvida de que o meu trabalho é ético. Prefiro que me contatem pelo whatsapp.


8 – Você já teve algum contratempo fazendo uma leitura?

Às vezes o jogo trava. Explico: você pergunta e as cartas não comunicam o que deveria. Claro, nesses momentos é hora de parar, respirar, tomar uma água, energizar as mãos e, no meu caso, eu entro em prece. Destrava e vai. Aí, sempre pergunto se a pessoa dormiu bem, como ela estava e, em 80% dos casos, a pessoa não conseguiu dormir, estava ansiosa. Isso interfere um pouco.


9 – Qual seria a sua marca como profissional no tarô?

Bom, se estamos falando de uma característica, é tarô com ética, acolhimento e responsabilidade. A fala nos áudios deve ser sempre amorosa, carinhosa e calma. Tudo deve ser transmitido para que se compreenda o caminho aconselhado e, acima de tudo, que ninguém saia da consulta triste, e sim esperançoso - ainda que o cenário para aquela pessoa seja desafiador. Tarô com acolhimento.


10 – Nos conte por favor uma experiência sua com tarô que lhe deixou contente ou assustada:

O maior desafio para quem cresceu em uma família tradicional, é enfrentar as críticas porque você está seguindo um caminho diferente do que esperavam. Depois de muitos embates e menosprezo, quando meus familiares começaram a ter o feedback de pessoas próximas de que realmente eu jogava de todo o coração e de forma muito cuidadosa, esse ponto de vista mudou e hoje meu pai (o mais cético) curte minhas postagens.  E, uma vez, durante um jogo, meu gato subiu à mesa e ficou quietinho me olhando jogar. Em uma determinada pergunta, empaquei. A resposta não estava devidamente alinhada. Olhei e ele estava com a patinha sobre duas cartas e eram as que fechavam a resposta. Achei o máximo e assustador.

Entrevista concedida à jornalista e editora Miriam Costa, publicada originalmente no blog da revista eletrônica Masticadores Brasil, em 21/06/2023.  Conheçam a revista Masticadores.

Interessados(as) em consultas com a taróloga terapêutica Patricia Silveira, podem contatar a profissional pelo e-mail pathysilveira32@gmail.com, fornecendo o nome completo e o número do whatsapp, para contato.  Não se esqueçam de mencionar que souberam do tarô terapêutico por meio de Intervalo Cultural Rio.

2 comentários:

  1. Foi gratificante trabalhar com a Patrícia e poder agora fazer essa entrevista com ela, instrutiva e válida. Parabéns por divulgar e obrigada.

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