sábado, 29 de janeiro de 2011

VOCÊ DESEJA O NIRVANA?

Siddharta Gautama, popularmente conhecido como Buda (o Iluminado), viveu no século VI a.C., na Ásia Meridional – na região que hoje corresponde ao Nepal. Foi um professor e líder espiritual. Seus pensamentos e ensinamentos são o alicerce do Budismo, uma filosofia e religião não teísta. Seus seguidores acreditam que os acontecimentos da vida são preservados após a morte. Segundo as tradições budistas, o Nirvana é um estado de paz, de pureza de pensamentos, de libertação e de elevação espiritual. E o caminho para atingir o Nirvana, segundo Stukart (2003), está, em síntese, nos cinco mandamentos deixados por Buda:

  1. Não mate nenhum ser vivo;

  2. Não pegue o que não lhe deram;

  3. Não minta;

  4. Não tome bebidas que embriaguem;

  5. Seja casto.

Agora vejam, leitores, como é difícil atingir o Nirvana. Considerando que cada mandamento acima corresponde a 20% de possibilidade de alcançar o objetivo, concluímos o seguinte:

  1. Não mate nenhum ser vivo – é simplesmente impossível ignorar a colônia de cupins que está a destruir o fundo do armário de nossa cozinha. Com a desinsetização, todos os cupins vão para o “céu” (talvez eles atinjam o Nirvana...). Contrariando o primeiro mandamento de Buda, perdemos aqui 20% da chance de nos tornarmos seres Iluminados;

  2. Não pegue o que não lhe deram – todos nós já recolhemos uma e outra moedinha encontrada nas calçadas das ruas. Como essas moedas não eram nossas e também ninguém nos deu-lhas, violamos então o segundo mandamento de Buda. Com isto, estão reduzidas em 40% nossas chances de atingir o Nirvana;

  3. Não minta – que atire a primeira pedra aquele que nunca mentiu! Crianças são muito talentosas nesse quesito (e um incontável número de adultos também...). 60% out!

  4. Não tome bebidas que embriaguem – Mas... nem uma cervejinha???!!! - 80%, sem chance...

  5. Seja casto – Ah, fale sério, né!!!

Definitivamente, o Nirvana não é para os mundanos. No meu caso, asseguro-lhes que há 100% de impossibilidade de chegar lá. Buda deve estar decepcionado. Mas não estou preocupado de fato, porque sei que o caminho é longo e que o aprendizado tem por finalidade precípua o atingimento do bem e da felicidade. Segundo o imperativo categórico de Kant (2005), a conduta moral do ser humano deve apoiar-se no princípio que estabelece um dever como fundamento: age só segundo máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. Ou seja, age como se a máxima da tua ação devesse se tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza.

Francisco Filardi

Referências

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. Texto integral. São Paulo: Martin Claret, 2005. 139 p.

STUKART, Herbert Lowe. Ética e corrupção: os benefícios da conduta ética na vida pessoa e empresarial. São Paulo: Nobel, 2003. 132 p.

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