domingo, 23 de junho de 2013

COMPANHIA LIMITE 151 REESTREIA "O SANTO E A PORCA", DE ARIANO SUASSUNA, NO TEATRO IPANEMA/RJ

Com a indicada ao Prêmio Shell 
e Melhor Atriz de 2010 
Gláucia Rodrigues

 foto: Cláudia Ribeiro

Montada pela primeira vez em 1958, pela Cia de Cacilda Becker, a deliciosa comédia O Santo e A Porca ganhou nova montagem da Cia. Limite 151. No elenco estão Élcio Romar, Gláucia Rodrigues, Daniel Dalcin, Nilvan Santos, Janaina Prado e Jacqueline Brandão. A direção é de João Fonseca.

Escrita por Ariano Suassuna em 1957, O Santo e A Porca aborda o tema da avareza. O texto, segundo o próprio Suassuna, “é uma imitação nordestina” da peça Aululária, também conhecida como a Comédia da Panela, do escritor romano Plauto. A peça relata o casamento da filha de um avarento, sendo que o "santo" do título é Santo Antonio e a "porca" é um cofrinho, símbolo do acúmulo de dinheiro e tão protetor quanto o santo.

A avareza doentia de Euricão (Elcio Romar) vai deixá-lo pobre e solitário, como ele se dizia ser e vivia para evitar os fantasmagóricos “ladrões” que o assediavam. Caroba (Gláucia Rodrigues) criada de Euricão, para se casar com Pinhão (Nilvan Santos), que trabalha para o milionário Eudoro (Luiz Machado), arquiteta um mirabolante, audacioso, confuso e hilário plano. Todos se deixam envolver tendo de um lado os “oprimidos” de todas as espécies e, de outro, os supostos opressores Euricão e Eudoro.

A comédia "O Santo e a Porca" não foge à regra dos espetáculos de Ariano Suassuna, onde a simplicidade do trabalho permeia toda ação dramática. O cenário recria um ambiente do interior nordestino. A cultura nordestina é amplamente valorizada por personagens que trazem consigo a marca de um povo sofrido, porém alegre. Intrinsecamente ligado ao espetáculo teatral popular brasileiro, O Santo e A Porca é profundamente cômico, festivo, mágico e malicioso. A encenação busca instaurar um ambiente de encantamento, onde os contrastes entre a riqueza e a pobreza saltam aos olhos. 

Depois de dirigir Gota D’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes e A Falecida, de Nélson Rodrigues, o diretor João Fonseca encara o desafio de mais um clássico, desta vez de um autor nordestino. É um prazer dirigir textos brasileiros. Ainda mais porque em todos esses trabalhos o foco é no oprimido. O Santo e A Porca tem um olhar sobre o sertão, os grandes coronéis. Suassuna enxerga a capacidade de transmutar do pobre sertanejo, a capacidade de sobreviver. A necessidade de sobreviver faz com a vida lhes dê uma inteligência grande para isso, conta o diretor. 

 foto: Cláudia Ribeiro


O AUTOR

Ariano Vilar Suassuna é advogado, professor, teatrólogo, romancista, poeta, ensaísta, defensor incansável da cultura popular do Brasil e do nordeste. Nasceu em João Pessoa - Paraíba, em 16 de junho de 1927, filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna e Rita de Cássia Dantas Villar. Quando tinha três anos de idade, seu pai foi assassinado no Rio de Janeiro, por causa de lutas políticas. Depois do trágico episódio, sua mãe mudou-se para Taperoá, com os nove filhos, onde Ariano Suassuna fez os estudos primários.

A infância vivida no sertão familiarizou o futuro grande escritor e dramaturgo com os temas e as formas de expressão artística que viriam mais tarde a constituir, como ele próprio o denomina, seu "mundo mítico". Não só as estórias e casos narrados e cantados em prosa e verso foram aproveitados como suporte na plasmação de suas peças, poemas e romances. 

Também as próprias formas da narrativa oral e da poesia sertaneja foram assimiladas e reelaboradas por Suassuna. Suas primeiras produções caracterizavam-se pelo domínio dos ritmos e metros da poética nordestina. Em 1942, então com 15 anos, foi para o recife, estudar no Colégio Americano Batista. Pouco tempo depois começou a escrever para o TEP (Teatro dos Estudantes de Pernambuco), que era coordenado por Hermilo Borba Filho. Dentro do TEP, foi criado um palco itinerante chamado "Barraca", que era inspirado no "La Barraca" grupo criado pelo poeta García Lorca.

Em 1946, Ariano ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Depois de formado, exerceu a advocacia até 1956, quando abandonou a profissão para tornar-se professor de  Estética na Universidade de Pernambuco. Em 1959, com Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste. No início da década de 1970, fundou o "Movimento Armorial". Deste movimento saíram nomes como Antônio Nóbrega e Antônio José Madureira.

Suas primeiras peças foram Uma mulher vestida de sol (1947), Cantam as harpas de Sião (1948) e Os homens de barro (1949). Desde o início de seu trabalho, Suassuna demonstrou clara inspiração popular combinada à convicção cristã, o que o levou a recuperar o auto religioso medieval em peças como o Auto de João da Cruz (1950) e O arco desolado (1952). Tornou-se conhecido do público, no entanto, com os trabalhos da segunda fase. Obteve êxito nacional em 1955, com o
Auto da compadecida, peça na qual houve influência do dramaturgo português Gil Vicente e da tradição folclórica portuguesa.

Em outra abordagem dessas influências, Suassuna escreveu
O santo e a porca (1957) e O casamento suspeitoso (1957). Utilizou elementos próprios do teatro de marionetes, tais como máscaras e a mecanização dos movimentos, em A pena e a lei (1959), premiada no Festival Latino-Americano de Teatro. Em 1960 fundou o Teatro Popular do Nordeste, onde apresentou A farsa da boa preguiça (1960) e A caseira e a Catarina (1962).

Suassuna interrompeu sua carreira de dramaturgo, no final da década de 1960, para dedicar-se à prosa de ficção e ao papel de animador cultural no movimento Armorial, que pregava o resgate das formas de expressão populares tradicionais. O escritor transferiu a temática de sua dramaturgia para as obras Romance da pedra do reino e O príncipe do sangue do vai-e-volta (1971) e a História do rei degolado nas caatingas do sertão ao sol da onça caetana (1976). Suassuna também escreveu poesia e crítica de arte. Em agosto de 1989, foi eleito por aclamação para a Academia Brasileira de Letras, tomando posse em maio de 1990.


FICHA TÉCNICA

Elenco
 
ÉLCIO ROMAR – EURICÃO
GLÁUCIA RODRIGUES – CAROBA
DANIEL DALCIN – DODÓ
NILVAN SANTOS – PINHÃO
JANAÍNA PRADO – MARGARIDA
JACQUELINE BRANDÃO  – BENONA
LUIZ MACHADO  – EUDORO VICENTE

Texto: ARIANO SUASSUNA
Direção: JOÃO FONSECA
Cenário: NELLO MARRESE
Música original e direção musical: WAGNER CAMPOS
Figurinos: NEY MADEIRA
Luz: ROGÉRIO WILTGEN
Produção Executiva: VALÉRIA MEIRELLES
Direção de Produção:EDMUNDO LIPPI


SERVIÇO

TEATRO IPANEMA
Rua Prudente de Moraes, 824 – Ipanema
Tel. (21)2267-3750
HORÁRIO: 4ª E 5ª, ÀS 21HS
INGRESSO: R$ 40,00
Capacidade: 222 lugares
Classificação etária: Livre
DE 26 DE JUNHO A 01 DE AGOSTO DE 2013
 
fonte: assessoria de imprensa

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