segunda-feira, 17 de outubro de 2016

RELATO DE UMA OCORRÊNCIA POLICIAL (FICTÍCIA)


Ocorrência 666



Às 6:38h do dia 02 de outubro do ano 2016, o cidadão identificado como José Bromélio de Alvarenga conduzia um veículo de passeio VW Passat, duas portas, de cor bege, placa do Rio de Janeiro LVA-XXXX, ano 2005, em via próxima a um local de votação, localizado na zona norte do município do Rio de Janeiro, quando foi flagrado pelo policial civil, Sr. Asclepíades da Cunha, enquanto atirava pela janela do citado veículo panfletos de propaganda eleitoral alusivos aos senhores Suanfrísio do Apocalipse, candidato à câmara municipal, e Mocreio Epifandrio, candidato à prefeitura local, ambos concorrentes pelo partido P. 

O policial “da Cunha” repreendeu o infrator, identificado como José Bromélio de Alvarenga, com ordem para cessar de imediato o abuso. No entanto, face à reincidência da conduta infratora, o policial civil em tela, no uso de sua autoridade, interpelou novamente o infrator, doravante denominado “meliante”, e procedeu a apreensão de dois pacotes confeccionados em material plástico transparente, tamanho 40cm x 30cm, contendo panfletos de propaganda eleitoral dos candidatos acima qualificados, os quais se encontravam no veículo do infrator, tendo o policial “da Cunha” conduzido o meliante à delegacia da região, para registro da presente Ocorrência e tomada de depoimentos. 

Tendo como testemunhas o ilustríssimo inspetor de Polícia, Sr. Mirradinho de Oliveira, e a ilustríssima escrivã de Polícia, Sra. Gerusa Cornélia, que procedeu as anotações devidas, o digníssimo Sr. Delegado da XXª DP, Dr. Janjonésio Pereira, uma vez ouvido o depoente infrator, procedeu o enquadramento do mesmo, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei n° 2.848/1940 (Código Penal) e do art. 299 da Lei n° 4.737/65 (Código Eleitoral), acrescentando-se, porém, que o digníssimo Sr. Delegado de Polícia, não obstante o teor do depoimento colhido em sua presença, determinou ao policial “da Cunha” que conduzisse o meliante, identificado como José Bromélio de Alvarenga, doravante denominado “porco”, ao local da apreensão para que este recolhesse, um por um, sem auxílio de vassoura, pá ou qualquer instrumento similar de coleta, os panfletos jogados ao chão, no entorno do respectivo local de votação, com o adendo de que ao “porco”, qualificado nos termos desta Ocorrência policial, caberia recolher todo e qualquer panfleto de propaganda de candidatos, quer fossem do partido P. ou não. 

Por fim, o digníssimo Sr. Delegado de Polícia destacou o policial "da Cunha" para supervisionar o trabalho de coleta determinado ao infrator e estabeleceu que ambos, policial e infrator, apresentassem, até às 19h, os expedientes conclusivos da atividade. 

Nada mais tendo a relatar, o Dr. Janjonésio Pereira, digníssimo Delegado de Polícia da XXª DP, na presença do policial civil, Sr. Asclepíades da Cunha, do ilustríssimo inspetor da Polícia, Sr. Mirradinho de Oliveira, e da ilustríssima escrivã de Polícia, Sra. Gerusa Cornélia, encerrou a presente Ocorrência, às 8:48h do dia 02 de outubro de 2016, encaminhando cópias dos termos ao Excelentíssimo representante do Ministério Público Eleitoral, para as demais providências cabíveis.



P.S.: este é um relato fictício; todos os nomes citados na "Ocorrência" são fictícios e qualquer semelhança com a realidade é mera… esqueçam!

Francisco Filardi

sábado, 8 de outubro de 2016

A AMIGA JANU E A ÓPERA DAS MEIAS BRANCAS, DE FRANCISCO FILARDI




Madame Filardi, que andava sumida há tempos, veio-me contar a fofoca: Januária, sua amiga de longa data, meteu-se numa encrenca daquelas por causa das meias do marido, Agripino. Ele, que há trinta anos só as usava na cor branca, pôs para lavar alguns pares que de brancos nem a lembrança tinham. Janu, partidária da água e sabão desde sempre, foi perguntar à vizinha Matilda o que fazer para dar um jeito nas peças do vestuário do marido.



- Compre um alvejante, Janu, que resolve! - disse a octogenária.



Janu, que não era nada moderninha, optou por acolher a sugestão da amiga e, já no início da tarde, partiu para o mercado. Mas a dica da esperta Matilda acabou deixando Janu tristinha. E não foi sem motivo. Até que comprar o tal do alvejante foi fácil. Problema mesmo foi quando ela, já em casa, leu as instruções no rótulo do produto. Lá constava que o mesmo deveria ser aplicado diretamente sobre a mancha, por dez minutos, antes de proceder a lavagem. Como as meias do marido estavam para lá de encardidas, Janu mergulhou de tacada oito pares numa bacia com tanto alvejante que dava para clarear todas as roupas do armário do Agripino! E, como desgraça pouca é bobagem, justo nesse momento Janu recebeu o telefonema da Zazá, impertinente tricoteira dos mexericos da terceira idade - logo ela, que escolhia as horas mais ingratas para papear, sem chance de o interlocutor desvencilhar-se de forma educada. Resumo da ópera: papo foi, papo veio, cinquenta minutos de conversa fiada se passaram até que Janu se desse conta de que as meias do marido ainda estavam de molho no alvejante.



Quando a sexagenária chegou à área de serviço e puxou a primeira meia da bacia, levou a mão à testa, ao ver que a sola se desintegrara! Incrédula e com olhos arregalados, Janu exclamaria “Meu Jesus!” dezesseis vezes naquela tarde.



Moral da história: Madame Filardi está gargalhando até agora!!!

(Francisco Filardi)