Madame Filardi, que andava sumida há tempos, veio-me contar a
fofoca: Januária, sua amiga de longa data, meteu-se numa encrenca
daquelas por causa das meias do marido, Agripino. Ele, que há
trinta anos só as usava na cor branca, pôs para lavar alguns pares
que de brancos nem a lembrança tinham. Janu, partidária da água e
sabão desde sempre, foi perguntar à vizinha Matilda o que fazer
para dar um jeito nas peças do vestuário do marido.
- Compre um alvejante, Janu, que resolve! - disse a octogenária.
Janu, que não era nada moderninha, optou por acolher a sugestão da
amiga e, já no início da tarde, partiu para o mercado. Mas a dica
da esperta Matilda acabou deixando Janu tristinha. E não foi sem
motivo. Até que comprar o tal do alvejante foi fácil. Problema
mesmo foi quando ela, já em casa, leu as instruções no rótulo do
produto. Lá constava que o mesmo deveria ser aplicado diretamente
sobre a mancha, por dez minutos, antes de proceder a lavagem. Como
as meias do marido estavam para lá de encardidas, Janu mergulhou de
tacada oito pares numa bacia com tanto alvejante que dava para
clarear todas as roupas do armário do Agripino! E, como desgraça
pouca é bobagem, justo nesse momento Janu recebeu o telefonema da
Zazá, impertinente tricoteira dos mexericos da terceira idade - logo
ela, que escolhia as horas mais ingratas para papear, sem chance de o
interlocutor desvencilhar-se de forma educada. Resumo da ópera:
papo foi, papo veio, cinquenta minutos de conversa fiada se passaram
até que Janu se desse conta de que as meias do marido ainda estavam
de molho no alvejante.
Quando a sexagenária chegou à área de serviço e puxou a primeira
meia da bacia, levou a mão à testa, ao ver que a sola se
desintegrara! Incrédula e com olhos arregalados, Janu exclamaria
“Meu Jesus!” dezesseis vezes naquela tarde.
Moral da história: Madame Filardi está gargalhando até agora!!!
(Francisco Filardi)
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