foto: Digeo Molina
A
partir de 03 de Maio o Teatro Café Pequeno recebe o
espetáculo O Banqueiro Anarquista, com dramaturgia e
direção de Fernando Lopes Lima. Montado a partir do conto de
Fernando Pessoa, o texto denominado pelo autor como uma espécie de
“conto de raciocínio”, retrata um diálogo de botequim entre um
personagem anônimo e um ex-operário, também anônimo, que se
tornou um banqueiro, apresentado desde o inicio como um “grande
comerciante” e “açambarcador notável”.
No
diálogo, o banqueiro narra seu processo de formação, procurando
demonstrar logicamente porque é realmente "anarquista" na
teoria e na prática. Trata-se, assim, de um conto sobre razões da
ação prático-moral, em que desfilam inteligência e dissimulação,
lógica e disfarce. O autor, através deste conto, ilustra a
maleabilidade de ideologias sociais entre seus próprios defensores,
construindo um personagem que, ao mesmo tempo em que se diz
anarquista em teoria e prática, é dono de uma poderosa instituição
financeira: um banco. O aparente paradoxo é explicado com refinado
discurso sociológico.
SOBRE
O ESPETÁCULO
O
espetáculo foi apresentado nos dias 25, 26 e 27 de Março no Teatro
Serrador, como fruto de um longo processo de pesquisa e investigação
que se estendeu por oito meses. Aproveitando-se da estrutura do
projeto Alfândega 88 /// Residência Artística no Teatro Serrador
(ganhador do prêmio Shell 2013), do qual os integrantes dessa
montagem participam direta ou indiretamente, foi possível fazer,
dentro do processo, uma pesquisa detalhada, sem compromisso imediato
de estreia. E, mediante essas condições favoráveis de trabalho,
foi possível mergulhar profundamente na obra de Fernando Pessoa
para, com cuidado e detalhamento, levantar o espetáculo. O texto
confeccionado para esta montagem coloca no mesmo palco, além do
próprio Pessoa, três de seus grandes heterônimos: Alberto Caeiro,
Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Trata-se, portanto, de uma
verdadeira ode ao pensamento.
SOBRE
O CONTO
O
conto foi publicado inicialmente em 1922, mesmo tempo em que o
italiano Errico Malatesta escrevia cartas e panfletos defendendo a
criação de inusitados Partidos Anarquistas mundo afora. O paradoxo
da ação real não tem o charme do paradoxo do conto literário, mas
evidencia um tempo extremado de contradições e inquietações
ideológicas, acompanhadas com atenção por Fernando Pessoa. O poeta
tece a história de um ex-militante operário que, frustrado com os
rumos da ação política de seu grupo e outros, procura fazer a
revolução social que lhe é possível: a sua própria.
O
Banqueiro Anarquista desconcerta de imediato a quem lê este “conte
philosophique”, podendo causar, até mesmo, certo desassossego.
Além de outros três brevíssimos contos de lógica paradoxal, este
é o texto de prosa literária completo mais importante entre os
poucos que Pessoa chegou a publicar em vida. No fundo, O
Banqueiro Anarquista é um tratado didático sobre filosofia
política, disfarçado de diálogo vagamente platônico que joga
hábil e intencionalmente com diversas variantes de silogismos,
tautologias e sofismas.
foto: Digeo Molina
SERVIÇO
Local:
Teatro Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon)
Tel.:
(21)
2294-4480
Horário:
Sexta a Domingo, às 20h30
Valor
do ingresso: R$40,00
Capacidade:
100 lugares
Duração:
70 minutos
Gênero:
Conto filosófico
Classificação
etária: 18 anos
Temporada:
de 03
a 19 de Maio (9 apresentações)
FICHA
TÉCNICA
Texto:
Fernando Pessoa
Direção
e dramaturgia: Fernando Lopes Lima
Elenco:
José Karini, Peter Boos e Rafael Manheimer
Direção
musical: Leonardo de Castro
Iluminação:
Aurelio de Simoni
Cenografia:
Marcos Saboya
Figurino:
Kassandra Speltri
Produção:
Fernando Lopes Lima
Site: O banqueiro anarquista
fonte: assessoria de imprensa
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