terça-feira, 30 de abril de 2013

ESPETÁCULO "O BANQUEIRO ANARQUISTA", BASEADO NUM CONTO DE FERNANDO PESSOA, FARÁ CURTA TEMPORADA - DE 03 A 19/05/2013 - NO TEATRO CAFÉ PEQUENO, NO LEBLON/RJ

foto: Digeo Molina

A partir de 03 de Maio o Teatro Café Pequeno recebe o espetáculo O Banqueiro Anarquista, com dramaturgia e direção de Fernando Lopes Lima. Montado a partir do conto de Fernando Pessoa, o texto denominado pelo autor como uma espécie de “conto de raciocínio”, retrata um diálogo de botequim entre um personagem anônimo e um ex-operário, também anônimo, que se tornou um banqueiro, apresentado desde o inicio como um “grande comerciante” e “açambarcador notável”.

No diálogo, o banqueiro narra seu processo de formação, procurando demonstrar logicamente porque é realmente "anarquista" na teoria e na prática. Trata-se, assim, de um conto sobre razões da ação prático-moral, em que desfilam inteligência e dissimulação, lógica e disfarce. O autor, através deste conto, ilustra a maleabilidade de ideologias sociais entre seus próprios defensores, construindo um personagem que, ao mesmo tempo em que se diz anarquista em teoria e prática, é dono de uma poderosa instituição financeira: um banco. O aparente paradoxo é explicado com refinado discurso sociológico.


SOBRE O ESPETÁCULO

O espetáculo foi apresentado nos dias 25, 26 e 27 de Março no Teatro Serrador, como fruto de um longo processo de pesquisa e investigação que se estendeu por oito meses. Aproveitando-se da estrutura do projeto Alfândega 88 /// Residência Artística no Teatro Serrador (ganhador do prêmio Shell 2013), do qual os integrantes dessa montagem participam direta ou indiretamente, foi possível fazer, dentro do processo, uma pesquisa detalhada, sem compromisso imediato de estreia. E, mediante essas condições favoráveis de trabalho, foi possível mergulhar profundamente na obra de Fernando Pessoa para, com cuidado e detalhamento, levantar o espetáculo. O texto confeccionado para esta montagem coloca no mesmo palco, além do próprio Pessoa, três de seus grandes heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Trata-se, portanto, de uma verdadeira ode ao pensamento.


SOBRE O CONTO

O conto foi publicado inicialmente em 1922, mesmo tempo em que o italiano Errico Malatesta escrevia cartas e panfletos defendendo a criação de inusitados Partidos Anarquistas mundo afora. O paradoxo da ação real não tem o charme do paradoxo do conto literário, mas evidencia um tempo extremado de contradições e inquietações ideológicas, acompanhadas com atenção por Fernando Pessoa. O poeta tece a história de um ex-militante operário que, frustrado com os rumos da ação política de seu grupo e outros, procura fazer a revolução social que lhe é possível: a sua própria. 
 
O Banqueiro Anarquista desconcerta de imediato a quem lê este “conte philosophique”, podendo causar, até mesmo, certo desassossego. Além de outros três brevíssimos contos de lógica paradoxal, este é o texto de prosa literária completo mais importante entre os poucos que Pessoa chegou a publicar em vida. No fundo, O Banqueiro Anarquista é um tratado didático sobre filosofia política, disfarçado de diálogo vagamente platônico que joga hábil e intencionalmente com diversas variantes de silogismos, tautologias e sofismas.


 foto: Digeo Molina

SERVIÇO

Local: Teatro Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon)
Tel.: (21) 2294-4480
Horário: Sexta a Domingo, às 20h30
Valor do ingresso: R$40,00
Capacidade: 100 lugares
Duração: 70 minutos
Gênero: Conto filosófico
Classificação etária: 18 anos
Temporada: de 03 a 19 de Maio (9 apresentações)
 
FICHA TÉCNICA

Texto: Fernando Pessoa
Direção e dramaturgia: Fernando Lopes Lima
Elenco: José Karini, Peter Boos e Rafael Manheimer
Direção musical: Leonardo de Castro
Iluminação: Aurelio de Simoni
Cenografia: Marcos Saboya
Figurino: Kassandra Speltri
Produção: Fernando Lopes Lima                  

fonte: assessoria de imprensa

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