A exposição traz uma visão panorâmica da produção do cenógrafo, figurinista, diretor de arte, encenador teatral e educador carioca Luiz Carlos Ripper [1943-1996]. Sob a curadoria de Lidia Kosovski, cenógrafa e professora doutora da UNIRIO, a mostra homenageia os 70 anos de nascimento do artista multifacetado, apresentando, entre outros itens, um acervo inédito de croquis e desenhos de seus processos de trabalho, com ênfase na sua produção teatral e cinematográfica.
A voz firme de Ripper ecoou através de seus traços e materiais no backstage das vanguardas artísticas deste país, reverberando-se nas imagens construídas pelo Cinema Novo, no diálogo com o palco do glorioso Teatro Ipanema de 1970 e iluminando com seus figurinos e cenários, a força de atores, atrizes e cantores, como Walmor Chagas, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Marília Pêra, Leila Diniz, José Wilker, Isabel Ribeiro, Ítala Nandi, Zezé Motta, Elke Maravilha, Vera Fischer, Norma Bengell, Fafá de Belém, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Simone.
Como encenador, marcou o panorama cultural brasileiro em montagens históricas como "Avatar", de Paulo Afonso Grisolli, e "Torre de Babel", de Fernando Arrabal, ao compartilhar seu trajeto de diretor com atores essencialmente dedicados ao palco, como Yara Amaral, Ruth Escobar, Ivonne Hoffman, Rubens Corrêa, Thaís Portinho, Mario Borges, Andre Valli e Analu Prestes, relembra a curadora.
São cerca de 200 registros à mão livre, entre desenhos, croquis e escritos, apresentados através de originais, imagens impressas e projetadas, além da recomposição de alguns cenários em maquetes, fotografias de cena, fragmentos de longa metragens integrados ao circuito da exposição, um documentário inédito e material gráfico, alguns programas, cartazes, que permitem ao público tomar contato com sua atuação em cinema e teatro a partir dos anos 60.
Ripper assinou, como pesquisador de arte, cenógrafo e ou figurinista os filmes "Como era gostoso o meu francês", "Azyllo muito louco", "El justicero", "Fome de amor", de Nelson Pereira dos Santos; "Xica da Silva", "Os herdeiros" e "Quilombo", de Cacá Diegues; "Pindorama", de Arnaldo Jabor; "São Bernardo", de Leon Hirszman; "Cara a cara", de Julio Bressane; "Brasil ano 2000", de Walter Lima Jr.; "Capitu", de Paulo César Saraceni, entre outros.
Nas artes cênicas, Ripper foi mentor de grupos como o do Teatro Ipanema, onde Rubens Corrêa, José Wilker e Ivan de Albuquerque lideravam uma das vertentes seminais da vanguarda teatral carioca. Assinou cenários e figurinos das montagens históricas de "Hoje é dia de rock" e "A China é azul", pelos quais ganhou o Prêmio Molière e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo em 1972. Aderbal Freire-Filho, Domingos de Oliveira, Paulo José, Sérgio Britto, Maria Clara Machado e Jorge Fernando são alguns dos encenadores com quem Ripper compartilhou o palco.
Ripper foi um artista experimentador. Profundamente interessado na pesquisa de materiais e sistemas construtivos para a realização cenográfica, reinventou espaços e desconstruiu padrões estéticos vigentes na cena teatral, em nome de uma arte que respondesse às distensões político-culturais no Brasil e no mundo, a partir da década de 1960. Sua intensa busca por uma visualidade brasileira, aproximava-o das nossas raízes culturais negras e indígenas, sobretudo em seus trabalhos no cinema, considera Kosovski. Uma de suas marcas estava na transformação de seus processos criativos e de produção em oficinas de formação artística, reconhecidos como verdadeiras escolas informais.
Serviço
A Mão Livre de Luiz Carlos Ripper
Visitação: até 21 de abril de 2013
de terça a domingo, de 12h às 19h - Entrada franca
Local: Centro Cultural Correios
(rua Visconde de Itaboraí, 20 - Centro 2253-1580)
Curadoria: Lídia Kolosvki
Patrocínio: Correios
Apoio: Centro Cultural Correios
fonte: Centro Cultural Correios
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