terça-feira, 7 de novembro de 2017

MASS EFFECT ANDROMEDA PS4 (TROFÉU DE PLATINA) - PARTE III


PARTE III - AS MISSÕES


Missões Prioritárias (Priority Ops )

Missões necessárias para completar o jogo:
001) Prólogo: Hyperion (Prologue: Hyperion)
002) No planeta (Planetside)
003) Reunião na Nexus (Nexus reunion)
004) Primeiro golpe (First strike)
005) Um começo melhor (A better beginning) - EOS
006) Vantagens dos PVA para a criogenia (AVP cryo deployment perks)
007) Um rastro de esperança (A trail of hope) - Aya
008) Ajude aos cientistas de Havarl (Helping Havarl's scientists)
009) Encontre a Resistência (Meet the Resistance)
010) Na linha de frente (On the frontlines ) (só se o jogador fizer Voeld antes de Havarl)
011) Stage a Rescue (só se o jogador fizer Voeld antes de Havarl)
012) Caça ao Arconte (Hunting the Archon)
013) Elaaden: um novo mundo (Elaaden: a new world)
014) H-047c: um novo mundo (H-047c: a new world)
015) Jornada a Meridian (The journey to Meridian)
016) Meridian: o caminho para casa (Meridian: the way home)
017) Epílogo: em casa e longe dela (Epilogue: home and away)
018) O mundo espera (The world is waiting)

Aliados e relacionamentos (Allies and relationships)

Missões sugeridas por membros do esquadrão e outras personagens principais.

Esquadrão e tripulação (Squad and crew)

019) Cora Harper: arca asari (Cora Harper: asari ark)
020) Cora Harper: no limite do dever (Cora Harper: at duty's edge) - Missão de
         Lealdade
021) Cora Harper: uma base (Cora Harper: a foundation)
022) Cora Harper: Duty Calls
023) Gil Brodie: uma partida de pôquer (Gil Brodie: a game of poker)
024) Gil Brodie: uma amiga (Gil Brodie: the friend)
025) Jaal Ama Darav: amigo ou inimigo? (Jaal Ama Darav: friend or foe?)
026) Jaal Ama Darav: sangue do meu sangue (Jaal Ama Darav: flesh and blood) -
         Missão de Lealdade
027) Jaal Ama Darav: está no sangue (Jaal Ama Darav: runs in the family)
028) Jaal Ama Darav: Angaran Affection
029) Lexi T'Perro: fundo de uma garrafa (Lexi T'Perro: bottom of a bottle)
030) Liam Kosta: postos avançados (Liam Kosta: outpost worlds)
031) Liam Kosta: diplomacia blindada (Liam Kosta: armor diplomacy)
032) Liam Kosta: dia de folga em Aya (Liam Kosta: day out on Aya)
033) Liam Kosta: apostando tudo (Liam Kosta: all in) - Missão de Lealdade
034) Liam Kosta: algo para os vizinhos (Liam Kosta: something for the neighbors)
035) Liam Kosta: comunidade (Liam Kosta: community)
036) Liam Kosta: Something for Us
037) Nakmor Drack: momento decisivo (Nakmor Drack: clutch moment)
038) Nakmor Drack: traição krogana (Nakmor Drack: krogan betrayal)
039) Nakmor Drack: um futuro para nosso povo (Nakmor Drack: a future for our people) -
         Missão de Lealdade
040) Nakmor Drack: acabe com eles (Nakmor Drack: knock 'em down)
041) Nakmor Drack: como ser durão (Nakmor Drack: how to act tough)
042) Nakmor Drack: devoradores cuspidores de fogo (Nakmor Drack: firebreathing
         Thresher Maws)
043) Peebee: projeto secreto (Peebee: secret project)
044) Peebee: scanner das Relíquias (Peebee: remnant scanner)
045) Peebee: recuperando Poc (Peebee: reclaiming Poc)
       046) Peebee: o sinal misterioso das Relíquias (Peebee: a mysterious Remnant signal)                 Missão de Lealdade
047) Peebee: passeio no museu (Peebee: the museum trip)
048) Peebee: espíritos (Peebee: spirits)
049) Suvi Anwar: descobertas novas (New discoveries)
050) Vetra Nyx: meios e fins (Vetra Nyx: means and ends) - Missão de Lealdade
051) Vetra Nyx: um momento no planeta (Vetra Nyx: a moment planetside)

Outras missões:

052) Divervência nas fileiras (Dissension in the ranks)
053) Meio-dia em ponto (High noon) - Sloane Kelly
054) Conheça seu inimigo (Know your enemy)
055) Arcas perdidas (Missing arks) - Jarun Tann
056) Noite na cidade (Night on the town - Reyes Vidal)
057) Segredos da família Ryder (Ryder family secrets - SAM)
058) As pequenas coisas que importam (The little things that matter - Foster Addison)
059) Verdade e transgressão (Truth and trespass)
060) Arca turiana: perdida mas não esquecida (Turian ark: lost but not forgotten - Avitus
         Rix)
061) Arca turiana: ainda não estão mortos (Turian ark: not dead yet)

Aya

062) História esquecida (Forgotten history)
063) Jornadas seguras (Safe journeys)
064) Recuperando o passado (Recovering the past)
065) Trocando favores (Trading favors)
066) O Vesaal (The Vesaal)

Elaaden

067) O Arquiteto em Elaaden (Architect on Elaaden)
068) Aspirations
069) Conflito na colônia (Conflict in the colony)
070) Crisis Response
071) Desmanche (Dismantled)
072) Matéria cinzenta (Gray matter)
073) Pouca sorte (Hard luck)
074) Investigue a nave destruída das Relíquias (Investigate Remnant derelict)
075) Sem gás
076) Negocie com os kroganos (Parlay with the krogan)
077) Tensões em alta (Rising tensions)
078) Recupere a pesquisa krogana do Dr. Okeer (Save Dr. Okeer's krogan research)
079) Procure o núcleo de propulsão das Relíquias (Search for the stolen Remnant drive
         core)
080) Assentamento em Elaaden (Settling Elaaden)
081) Domando um deserto (Taming a desert)
082) A pensão (The flophouse)
083) A mente de um exilado (The mind of an exile)
084) A busca por Ljeta (The search for Ljeta)
085) Rebelde (The rebel)
086) Suprimento de água (Water supply)

Eos

087) Um trabalho para Danny Messier (A job for Danny Messier)
088) Derrotando os Kett (Defeating the Kett)
089) A conta não fecha (Doesn't add up)
090) Ruína dos Kett (Kett's bane)
091) Deixando uma impressão (Making animpression)
092) Tratamento de choque (Shock treatment)
093) Algo pessoal (Something personnel)
094) O projeto secreto (The secret project)

H-047c

095) Do pó (From the dust)
096) O arado das Relíquias (The Remnant tiller)

Havarl

097) Um planeta agonizante (A dying planet)
098) Uma irmã perdida (A lost sister)
099) Alianças interculturais (Cross-cultural alliances)
100) Estrelas esquecidas (Forgotten stars)
101) Vegetação crescida (Overgrown)

Kadara

102) Um acordo com algo a mais (A packaged deal)
103) Um povo dividido (A people divided)
104) Atrás das linhas inimigas (Behind enemy lines)
105) Contando corpos (Counting bodies)
106) S.O.S. de emergência (Emergency S.O.S.)
107) E o vento levou (Gone with the sind)
108) Curando o coração de Kadara (Healing Kadara's heart)
109) Jogos mentais (Mind games)
110) Mensagens confusas (Mixed messages)
111) Medicina moderna (Modern medicine)
112) Assassinato no porto de Kadara (Murder in Kadara port)
113) Old Skinner
114) Da frigideira para o fogo (Out of the frying pan)
115) Carga Preciosa (Precious cargo)
116) Assentamento em Kadara (Settling Kadara)
117) Alguma coisa na água (Something in the water)
118) Febre de barita (The baryte rush)
119) O impostor do Impostor (The charlatan's Charlatan)
120) A base do Coletivo (The Collective base)

Nexus

121) Ajude a APEX (Aid APEX)
122) Contágio (Contagion)
123) Primeiro assassino (First murderer)
124) Vida na fronteira (Life on the frontier)
125) Dragões dormentes (Sleeping dragons)
126) Sabotagem da estação (Station sabotage)
127) Os bombeiros (The firefighters)

Tempest

128) Excesso de bagagem (Excess baggage)
129) Monkeys in Space
130) Noite de cinema: começando (Movie night: getting started)
131) Noite de cinema: lanches (Movie night: snacks)
132) Noite de cinema: lanches melhores (Movie night: better snacks)
133) Noite de cinema: a configuração certa (Movie night: the right setup)
134) Noite de cinema: um brinde (Movie night: raise a glass)
135) Noite de cinema: a última parte (Movie night: the final piece)
136) O visitante (The visitor)

Voeld

137) Uma recepção gelada (A frosty reception)
138) Sabotagem da ponte (Bridge sabotage)
139) Trazido à luz (Brought to light)
140) End of Watch
141) Olhos no solo (Eyes on the ground) (só se o jogador fizer Havarl antes de Voeld)
142) Fato ou ficção (Fact or fiction)
143) Frequência (Frequency)
144) Interceptado (Intercepted)
145) Depósitos médicos (Medical caches)
146) Conheça a família (Meet the family)
147) Equipe científica desaparecida (Missing science crew) - Arquiteto das Relíquias
148) Reforma (Reformation)
149) Retire o coração (Remove the heart)
150) Resistance Trap
151) Restaurando um mundo (Restoring a world)
152) Assentamento em Voeld (Settling Voeld)
153) Faça um resgate (Stage a rescue) (só se o jogador fizer Havarl antes de Voeld)
154) Sinal estranho (Strange beacon)
155) A patrulha perdida (The lost scout)
156) A canção perdida (The lost song)
157) The Vanished
158) Descobrindo o passado (Uncovering the past)

Tarefas adicionais (Additional Tasks)

Estas são tarefas opcionais (entre parênteses, o local onde a tarefa se inicia)

159) Uma flor para Kesh (A flower for Kesh) (Elaaden)
160) Ataque dos Exilados (An exile raid) (Nexus - Hyperion)
161) Task: Augmentation Crafting (Elaaden)
162) Bebidas melhores (Beer run) (Nexus)
163) Task: Better Crafting (Nexus)
164) Amplificando o sinal (Boosting the signal) (Nexus)
165) Família separada (Broken family) (Kadara)
166) Cabos rompidos (Broken wires) (Nexus)
       167) Fluxo de caches (Cache flow) (Elaaden)
168) Pegar e soltar (Catch and release) (Voeld)
169) Limpando o ar (Clearing the air) (Voeld)
170) Comparativamente alienígena (Comparatively alien) (Nexus)
171) Task: Cold Hard Cache (Kadara)
172) Cultivo (Cultivation) (Nexus)
173) Rastro de dados (Data trail) (Eos)
174) Recuperação de drones (Dronerecovery) (Eos)
175) Ganhe sua insígnia (Earn your badge) (Nexus)
176) Conhecendo a Nexus (Getting to know the Nexus) (Nexus)
177) Task: Gone Dark (Voeld)
178) Empreendedores herbários (Herbal entrepreneurs) (Kadara)
179) Quebrando pedras pela ciência (Hitting rocks for science) (Nexus)
180) Infecção (Infection) (Elaaden)
181) Investigando um desfalque (Investigating embezzlement) (Nexus)
182) Resgate em Kadara (Kadara's ransom) (Nexus)
183) Leis e costumes (Laws and customs) (Aya)
184) Camundongo (Little mouse) (Elaaden)
185) Task: Local Cuisine (Aya)
186) Irmão perdido (Lost brother) (Nexus)
187) Mensagem para a Nexus (Messages to the Nexus) (Aya)
188) Cientistas desaparecidos (Missing scientists) (Nexus)
       189) Nome aos mortos (Naming the dead) (Eos)
       190) Escudo do Nomad (Nomad shield crafting) (Voeld)
       191) Fabricação de armas dos Renegados (Outlaw weapon crafting) (Kadara)
       192) Suprimentos para Elaaden (Outpost supplies on Elaaden) (Aya)
       193) Suprimentos para EOS (Outpost supplies on Eos) (Aya)
194) Suprimentos para Kadara (Outpost supplies on Kadara) (Aya)
195) uprimentos para Voeld (Outpost supplies on Voeld) (Aya)
196) Caminho de um herói (Path of a hero) (Nexus)
197) Armadura de explorador(a) (Pathfinder armor crafting) (Eos)
198) Task: Past, Present and Future (Aya)
199) Programando um(a) explorador(a) (Programming a pathfinder) (Nexus)
200) Núcleos de dados das Relíquias (Remnant data cores) (Eos - 9 no total,
espalhados pelos 5 planetas principais)
201) Estação de pesquisa (Research center development) (Eos)
202) Manifestos dos Roekaars (Roekaar manifestos) (Havarl)
203) Task: Running a Fever (Kadara)
204) Procurando Morga (Searching for Morga) (Kadara)
205) Submissão (Subjugation) (Voeld)
206) Recuperação de suprimentos (Supply loss and recovery) (Eos)
207) Task: Test Subject (Aya)
208) A iniciativa angarana (The angaran initiative) (Aya)
       209) O fantasma da promessa (The ghost of Promise) (Eos)
       210) O modelo das esferas (The model of the spheres) (Nexus)
211) Intercâmbio na Nexus (The Nexus exchange) (Aya)
212) As testemunhas (The witnesses) (Aya)
213) Traidor ou vítima (Traitor or victim) (Nexus)
214) Destroços turianos (Turian salvage) (Havarl)
215) Desenterrados (Unearthed) (Havarl)
216) Volátil (Volatile) (Elaaden)
217) Despertando para o futuro (Waking up to the future) (Eos)
218) Os vigias (Watchers) (Eos)
219) O que ele gostaria que fosse feito (What he would have wanted) (Eos)
220) Morte branca (White death) (Voeld)

Tarefas em português não localizadas na grade da Wiki (em inglês):

221) Cobaia
222) Operações de emergência
223) Reserva bélica

Obs: as missões destacadas em vermelho não foram jogadas por nós ou não encontramos, no jogo, a missão correspondente em português.

(Francisco Filardi)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

O HOMEM DE LA MANCHA (1972)


 
"Peço-lhe que me deixe servir-lhe,
que eu possa tê-la em meu coração,
que eu possa dedicar-lhe minhas vitórias
e que possa visitá-la nas derrotas.
Que, se eu tiver que dar a minha vida
que o faça pelo nome sagrado
de Dulcinéia".

O homem de La Mancha (1972), dirigido por Arthur Hiller, traz a fictícia história de Miguel de Cervantes, preso e à espera de julgamento pela Inquisição. Jogado no calabouço, na companhia de ladrões, assassinos e da prostituta Aldonza, ele é submetido a "julgamento" pelos outros presos. E defende-se contando a história de sua personagem, Don Quijote de La Mancha, cavaleiro da triste figura, que, ao lado de seu fiel escudeiro, Sancho Panza, combatia moinhos de vento e trazia consigo o amor pela idolatrada Dulcinéia.
Baseado no espetáculo que estreou na Broadway em 1965, O homem de La Mancha conta com atuações memoráveis de Peter O'Toole e Sophia Loren. As canções que permeiam o filme e as cômicas situações em que se mete Quijote fazem desse um filme apaixonante.
Lindo, lindo, lindo!

Intervalo Rio recomenda!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O TRISTE FIM DA LINHAGEM DOS ROMANOV



No terceiro episódio do documentário Empire of the tsars, intitulado The road of revolution, disponível no NETFLIX, a apresentadora da BBC Lucy Worsley comenta que



"[...] a Rússia contaria com uma assembleia representativa: a Duma, que deveria tomar parte na elaboração das leis. Nicolau [Nicolau II, o último czar russo, da linhagem dos Romanov] insistiu para que a abertura da Duma Estatal fosse no Palácio de Inverno (em São Petersburgo, capital na época). E assim, em abril de 1906, a elite russa ficou cara a cara com o povo, pela primeira vez. Neste lado (esquerdo) da sala, estava o governo de Nicolau, seus conselheiros, vestindo uniformes com adornos dourados. Do outro lado (direito), estavam os membros da nova Duma. Usavam roupas de operários e camponeses, que eram camisas vermelhas e longas botas rústicas. Os dois lados se entreolhavam com desconfiança e hostilidade. Era a hora certa para Nicolau aproximar os desunidos, a fim de que estes se reconciliassem. Mas não. Ele fez um discurso defendendo seu poder autocrático. Ele iria conservá-lo, disse ele, com uma vontade inflexível. No fim do discurso, os conselheiros o saudavam, estavam encantados. Mas os membros da nova Duma assistiram a tudo num silêncio tumular".

O czar Nicolau II, sua esposa, Alexandra, suas filhas, as grã-duquesas 
Olga, Maria, Tatiana e Anastásia, e o caçula Alexei.



Esse fragmento é significativo. Governantes têm a oportunidade de mudar a vida de um povo, a rota de uma nação, mas não o fazem por estarem atrelados teimosamente a crenças pessoais e a certezas duvidosas, que neblinam sua capacidade de enxergar o futuro próximo. Com essa decisão, Nicolau II condenou à morte não só o seu governo, mas a Rússia, a sua família e os 300 anos da dinastia dos Romanov, de forma brutal. A História é formada por ciclos. E ciclos se repetem, para que tenhamos oportunidade de aprender. Ainda assim, deparamos com governantes que parecem resistir ao aprendizado da História, recusam-se a ouvir os ecos do passado e a optar por caminhos alternativos, conciliatórios. O resultado disso não é difícil de prever: tensões entre governo e povo delineiam um barril de pólvora prestes a explodir. E, cedo ou tarde, barris explodem.  Sempre.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

BISNAGA, DE FRANCISCO FILARDI



Foi Douglas quem apareceu com a novidade. E Samuel, seu amigo de infância, o primeiro a saber. Assim que o amigo chegou a sua casa, fez as apresentações. Havia adotado um cachorrinho da raça pug, a quem batizara de Bisnaga. Bisnaga! Isso lá é nome de cachorro? Foi o que perguntou Samuel a si mesmo, assim que deu de cara com o bicho. De fato, não. Mas explica-se: o recém-chegado alcançava o Nirvana só de sentir o cheiro de pães franceses saídos do forno. O canino era tão cara de pau que não resistia a um francesinho na manteiga! Isso era tão sério que, mal chegava da padaria, Douglas tinha que dar um pãozinho ao Bisnaga, antes mesmo de pôr a mesa para o lanche, tal a impaciência do bicho. Foi devido a essa nobre esganação que Douglas deu ao pug um nome a ver com a grandeza de seu apetite, não com o porte. Mas o nome não era o problema do bichinho.

Logo que Samuel se acomodou num canto no sofá, Bisnaga, que estava sobre uma almofada, no extremo oposto, levantou a cabeça e, com os dentes à mostra, rosnou para o intruso, num claro sinal de que não o desejava ali. Mas a coisa ficou nisso, é bom que se diga. Bisnaga não era chegado a implicâncias, muito menos a brigas. Nada tirava a sua paz, desde que não o incomodassem naquele canto mágico do sofá. Samuel bem que tentou, mas não conseguiu convencer o Bisnaga de que estava ali em missão de paz.

- Seu cachorro está com defeito, Douglas! - provocou Samuel.

- Defeito?! - estranhou o amigo.

- É! Ele não é lá muito certo da cabeça... rosna o tempo todo!

- Não, Samuel. No geral, ele é sossegado. Gosta desse canto do sofá - disse Douglas, apontando com o queixo -, onde se deixa afundar na almofada. Acha que o sofá é só dele. Até comigo ele, às vezes, implica!

Foi quando Samuel teve a ideia: ergueu a cabeça na direção do teto, encheu os pulmões e soltou um uivo, daquele que os lobos soltam para a lua. Bisnaga, que tinha os olhos fixos no estranho, arregalou olhos e orelhas. Inclinou também a cabeça para o alto e fez coro. Samuel uivava de cá, Bisnaga uivava de lá. Assim nasceu uma longeva amizade. Quem não gostou da brincadeira foi Douglas, que desde então tem que aguentar aquele duplo uivado no sofá, todo fim de semana. Haja!

(de Francisco Filardi, finalizado em 21/06/2017)

terça-feira, 20 de junho de 2017

MULHER MARAVILHA (2017) NÃO É ISSO TUDO...



Após ouvirmos comentários favoráveis sobre o filme Mulher Maravilha (2017), Intervalo Cultural Rio foi ao cinema dar uma conferida na história de Zack Snyder, Jason Fuchs e Allan Heinberg (este último quem assina o roteiro).

Themyscira é uma ilha paradisíaca, inacessível aos humanos, onde vivem somente mulheres guerreiras, as Amazonas, que treinam para a batalha iminente contra Ares, o Deus da Guerra (David Thewlis, o professor Lupin da franquia Harry Potter). A ilha é descoberta com a chegada acidental do capitão da Força Aérea dos EUA, Steve Trevor (Chris Pine), em fuga dos alemães, durante a Primeira Guerra Mundial. Trevor é resgatado do mar por Diana (Gal Gadot) e, a partir daí, estabelece-se um paralelo com a Bíblia; ao conhecer a verdade sobre o mundo dos homens, cai por terra a inocência de Diana (o que corresponde à perda da inocência do homem no Paraíso de Deus). Diana, princesa de Themyscira, filha de Hipólita (Connie Nielsen) e Zeus, seria a versão feminina de Jesus, uma vez que a deusa deixa o paraíso e vem à Terra para salvar o homem de si mesmo.

Esse paralelo, ainda que não óbvio, não salva o filme de Patty Jenkins da armadilha dos clichês, como na cena da morte de Antíope (Robin Wright), tia de Diana, a quem deixa o seu legado, ou ainda em cenas exageradas e inverossímeis, como o ataque de Diana ao front alemão. A intensidade da ação desloca a atenção do espectador para o que não é essencial. Nesse ponto, não há como não lembrar de "A vida é bela" (1997), do italiano Roberto Benigni, filme que apresenta uma boa ideia, mas cheia de furos. Decerto, o cinema, bem como a Arte de modo geral, não possui relação com a verossimilhança, mas compreendemos que quanto mais distante do crível estiver a história, menor será seu poder do convencimento. É o caso de Mulher Maravilha. Ou seja, o filme carece de uma lapidada nos excessos.

As cenas de ação, que impactam na garotada, são bem desenvolvidas, mas a produção de Snyder se vale da mesma técnica de combate empregada em "300" (releitura de "Os 300 de Esparta", de 2007), que dirigiu. Nada que não tenhamos visto. Assim sendo, Mulher Maravilha é previsível, como a esmagadora maioria dos filmes de heróis. Na batalha final contra Ares, não há como não lembrar de Cyclope, dos X-Men.

Ao contrário do que vem sendo discutido na imprensa, Mulher Maravilha não é um filme que prega o feminismo ou o empoderamento da mulher. O que se propõe é mais amplo. É sobre a crença/descrença no ser humano, sobre essa criatura confusa, cheia de idiossincrasias e dramas pessoais e coletivos, capaz de maravilhas e de abominações. Ou seja, é sobre a validade de lutarmos pela humanidade. A luta de Diana Prince é a luta das pessoas de bem, em todo o planeta.

Por fim, a atuação de Gal Gadot, atriz de beleza comum e charme juvenil, não compromete. Mas, no geral, Mulher Maravilha é diversão pipoca, não passa de um filme mediano.

(Filardi)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

TARÔ LEVADO A SÉRIO (OU QUASE), DE FRANCISCO FILARDI



Madame Filardi e Madame Jeripimboca, a Pimbinha, conhecem-se há muito, desde quando se iniciaram nos caminhos do ocultismo. Pimbinha, ao contrário da colega vidente, é taróloga e colecionadora de casos tão incomuns quanto o que narramos a seguir.

Certo dia, Mariana, a filha mais velha de Pimbinha, comentou que a avó de uma amiga andava deprimida, desesperançada, e desejava recorrer às cartas, o que deixou a taróloga em cócegas. 
 

O que se sabia sobre a idosa Tatá, a consulente em questão, era que ela se dizia católica apostólica romana, embora tal não convencesse os seus pares, pois há muito abandonara as missas. Na boca pequena, corria que a ex-religiosa Tatá batera ponto em terreiros de umbanda e demonstrava certa inclinação para as coisas místicas. Daí o interesse pelo trabalho de Pimbinha.

Numa quinta-feira, à tarde, a taróloga recebeu Tatá em sua residência. Estendeu sobre a mesa uma toalha branca, procedeu os ritos iniciais etc. Mas façamos aqui uma observação: a leitura das cartas dessa arte secular divinatória que é o Tarô não deve ser tomada ao pé da letra. A interpretação não depende do significado desta ou daquela carta, tomado individualmente, ou mesmo da ordem em que as cartas são reveladas, e sim das relações que se formam entre estas, no todo. Este resumo explicativo se faz necessário porque Tatá, para quem o Tarô era uma experiência inédita, chegou desavisada à consulta (para variar).

Pimbinha embaralhou o deck e solicitou a Tatá que o cortasse em três partes, reagrupando-o em seguida. Enquanto isso, Madame Filardi, sentada ao sofá, com as pernas esticadas, fingia ler uma revista. Interessada, acompanhava já os preparativos com espiadelas de rabo de olho, enquanto saboreava um chá de camomila. As cartas foram misturadas uma segunda vez, Tatá procedeu outro corte e Pimbinha reagrupou novamente o deck. Em seguida, a taróloga puxou a primeira carta, deitando-a no centro da mesa, com a face voltada para cima. 
 

- Esta - disse, enquanto apontava com o dedo indicador - é a sua carta, Tatá, seu momento atual. 
 

A carta em questão era o Arcano Maior de número treze: A morte. Tatá deu um pulo para trás, na cadeira, e, ao tempo em que colocava a mão direita sobre o peito, gritou:



- Ai, meu Deus! Eu vou morrer! Eu vou morreeeeeeeer!!!



Que ninguém ouse dizer que o desespero de Tatá era injustificado, afinal contabilizava 83 anos de idade, faixa etária em que a morte é um fantasma para lá de teimoso. Madame Filardi repousou a xícara de chá sobre a mesa de centro e levantou-se do sofá. Embora risse consigo, tratou de acudir a visitante:

- Tenha calma, Tatá. A morte, no Tarô, significa transformação, mudança, oportunidade, renovação: o fim de algo para o começo de outro.

Mas Tatá não se deixou convencer de primeira:

- O que vai mudar ou começar, para mim, a essa altura da vida, Madames?

- O futuro é um mistério, Tatá! - respondeu Pimbinha. - Sente-se, por favor. Vamos continuar a leitura.

Embora apavorada (essa era a palavra) com a carta e a resposta para lá de clichê de Pimbinha, Tatá concordou em que a sessão prosseguisse. Uma vez terminada a consulta, já mais ou menos refeita, Tatá agradeceu, prometendo retornar dali a uma semana (o que era incomum, já que as consultas de Pimbinha se limitavam a uma por mês, para cada cliente). Mas a taróloga compreendeu a urgência da consulente e não objetou. Trocaram acenos e sorrisos amáveis (amarelos) e então, despediram-se. Assim que a porta fechou-se por trás de Tatá, Pimbinha e Madame Filardi conversaram. E passaram o resto da semana sem notícia de Tatá.

Na semana seguinte, estavam Pimbinha e Madame Filardi reunidas para o sagrado chá das quintas-feiras quando Mariana, a filha da taróloga, chegou da rua mais branca que vela de igreja. 
 

- Mãe... - disse a jovem.

- O que foi, minha filha? Está pálida, parece que viu fantasma! Desembuche!

- Lembra da dona Tatá, que esteve aqui na semana passada?

- Claro! Ela quase infartou, quando deitei a primeira carta!

- Pois é. Ela morreu...

Pimbinha não reagiu. Ficou ali, indefesa e petrificada, a olhar para a filha como se buscasse no além uma explicação divina para o que acabara de ouvir. Por outro lado, Madame Filardi, que a essa altura se fartava com uma boa golada de chá, engasgou-se numa crise de tosse tal que a fez cuspir longe a bebida. Mas a coisa não parou por aí. Controlada a tosse, Madame Filardi teve ainda outra crise: de risos! Ou melhor, risos que se desdobravam em sonoras gargalhadas, o que deixou Pimbinha para lá de irritada:

- Não ria, Madame! Isso é grave, gravíssimo! Não vê que minha reputação está em risco? Se Tatá contou a alguém sobre a sessão da última semana, estarei frita! - repreendeu a taróloga.

Mas de nada adiantou a reprimenda: quanto mais irritada se mostrava Pimbinha, mais gargalhava a outra Madame. Até Mariana já não disfarçava o riso, face o ridículo da situação. E isso, claro, também irritou Pimbinha.

- Até você, Mariana!

- Desculpe-me, mãe, mas... o que posso fazer?!

- Não ria!!! - protestou a taróloga, desesperada.


- Cá entre nós, Pimbinha, - interveio Madame Filardi, entre uma e outra gargalhada - lá nos recônditos de sua alma, você nunca sentiu uma vontadezinha de despachar um cliente, hã?

- Mas que absurdo! - contestou a taróloga. 
 

- Pois confesso-lhe que a vontade de jogar minha bola de cristal em certas cabeças nunca me faltou! - retrucou a vidente. Você há de convir, Pimbinha: sua leitura das cartas nunca foi tão precisa!

É óbvio que a coisa não ficou boa entre as Madames, mais por conta de Pimbinha que se recusou a falar com a amiga por semanas. Até Mariana acabou vítima do mau humor da mãe (que detestava chacota). Mas a coisa não durou. Mariana fez a mãe perceber que o trágico fim de Tatá não passou de uma infeliz coincidência. E é claro que Madame Filardi, gente boa (só) com os amigos, não levou a sério a rabugice da amiga. Voltaram a papear às quintas, à tarde, como de costume, em encontros regados a um bom chá de camomila. E a biscoitinhos chineses (para dar sorte).

(finalizado a 29.05.2017)