Após ouvirmos comentários favoráveis
sobre o filme Mulher Maravilha (2017), Intervalo
Cultural Rio foi ao cinema dar uma conferida na história de Zack
Snyder, Jason Fuchs e Allan Heinberg (este último quem assina o
roteiro).
Themyscira é uma ilha paradisíaca,
inacessível aos humanos, onde vivem somente mulheres guerreiras, as
Amazonas, que treinam para a batalha iminente contra Ares, o Deus da
Guerra (David Thewlis, o professor Lupin da franquia Harry Potter). A
ilha é descoberta com a chegada acidental do capitão da Força
Aérea dos EUA, Steve Trevor (Chris Pine), em fuga dos alemães,
durante a Primeira Guerra Mundial. Trevor é resgatado do mar por
Diana (Gal Gadot) e, a partir daí, estabelece-se um paralelo com a
Bíblia; ao conhecer a verdade sobre o mundo dos homens, cai por
terra a inocência de Diana (o que corresponde à perda da inocência
do homem no Paraíso de Deus). Diana, princesa de Themyscira, filha
de Hipólita (Connie Nielsen) e Zeus, seria a versão feminina de
Jesus, uma vez que a deusa deixa o paraíso e vem à Terra para
salvar o homem de si mesmo.
Esse paralelo, ainda que não óbvio,
não salva o filme de Patty Jenkins da armadilha dos clichês, como
na cena da morte de Antíope (Robin Wright), tia de Diana, a quem
deixa o seu legado, ou ainda em cenas exageradas e inverossímeis,
como o ataque de Diana ao front alemão. A intensidade da ação
desloca a atenção do espectador para o que não é essencial.
Nesse ponto, não há como não lembrar de "A vida é bela"
(1997), do italiano Roberto Benigni, filme que apresenta uma boa
ideia, mas cheia de furos. Decerto, o cinema, bem como a Arte
de modo geral, não possui relação com a verossimilhança, mas
compreendemos que quanto mais distante do crível estiver a história,
menor será seu poder do convencimento. É o caso de Mulher Maravilha. Ou seja, o filme carece de uma lapidada nos
excessos.
As cenas de ação, que impactam na
garotada, são bem desenvolvidas, mas a produção de Snyder se vale
da mesma técnica de combate empregada em "300" (releitura
de "Os 300 de Esparta", de 2007), que dirigiu. Nada que
não tenhamos visto. Assim sendo, Mulher Maravilha é
previsível, como a esmagadora maioria dos filmes de heróis. Na
batalha final contra Ares, não há como não lembrar de Cyclope, dos
X-Men.
Ao contrário do que vem sendo
discutido na imprensa, Mulher Maravilha não é um filme
que prega o feminismo ou o empoderamento da mulher. O que se propõe
é mais amplo. É sobre a crença/descrença no ser humano, sobre
essa criatura confusa, cheia de idiossincrasias e dramas pessoais e
coletivos, capaz de maravilhas e de abominações. Ou seja, é sobre
a validade de lutarmos pela humanidade. A luta de Diana Prince é a
luta das pessoas de bem, em todo o planeta.
Por fim, a atuação de Gal Gadot,
atriz de beleza comum e charme juvenil, não compromete. Mas, no
geral, Mulher Maravilha é diversão pipoca, não passa
de um filme mediano.
Gostei da crítica detalhada. Foi dura, mas ainda vou assistir, mesmo sabendo que é um pipocão! Rsr
ResponderExcluirMano Thiago, não me leve tão a sério. Assista ao filme. É que minha tolerância aos títulos de heróis anda baixa que só! (rs). Abração!
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