Meu pai passou a maior parte da vida dizendo que as pessoas não
mudam. Que o mundo não muda. Que não tínhamos a menor chance e
que pessoas normais não podem fazer nada para impedir os poderosos
de conquistar o que querem. Aprendi essa lição com ele, querendo
ou não. Que eu só podia me esconder, mesmo depois de ir embora.
Levei anos para me arriscar. Para deixar de me esconder. Para
confiar nas pessoas. Tive sorte. Elas me deram a chance de me
tornar uma nova pessoa. Nunca dei ao meu pai nenhuma chance por ele
não se arriscar. Mas mudar é difícil. É difícil confiar nas
pessoas, mostrar seu verdadeiro eu, quando o caminho mais seguro é
afastá-las. Foi o que fiz. Eu o rejeitei. Rejeitei minha irmã,
por trazê-lo de volta para nossas vidas. Não aceitei nem mesmo a
menor possibilidade de que meu pai pudesse mudar. Mas, no final,
George Winthrop mudou. Agora eu vejo isso. Ele fez uma escolha: de
se impor, de tentar fazer a diferença. Essa escolha lhe custou a
vida. Não era a atitude do homem de quem eu me lembrava. Aquele
era um novo homem. Alguém que lamento não ter tido a chance de
conhecer. Mas, hoje, ao lembrar de meu pai, vou me lembrar dele
daquele jeito, como o homem que ele se tornou. Quero dizer obrigado,
pai, por essa lição.
Mark Shepherd (Benjamin Adnams), discursa no velório de seu pai, na série britânica The Inside Man (2019-2024) 5.a temporada - eps. Last Words.
Dir. Jim Shields
Roteiro: Robert McCollum / Jim Shields
Consultores de roteiro: Steve Walters / Fergus Church
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