quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

BIG BOY, O MAIS INFLUENTE RADIALISTA E DISCOTECÁRIO DE TODOS OS TEMPOS

HELLO, CRAZY PEOPLE!*
Francisco Filardi
 


Newton Alvarenga Duarte era seu nome de batismo. Tornou-se referência obrigatória para locutores de rádio e disc jóqueis de todo o país, entre os anos 60 e 70, e uma lenda para seus ouvintes, hoje na faixa dos 40/50 de idade. Discotecário, jornalista e radialista, teria completado 70 anos em junho de 2013, se vivo.

É provável que as novas gerações sequer tenham ouvido falar sobre o Big Boy, alter ego de Newton Duarte, portanto cabe o registro de que foi ele o primeiro profissional multimídia do país, responsável por uma autêntica revolução nos padrões de locução das rádios AM da época.

Apaixonado por música, desde a infância, não tardaria para que Newton iniciasse a sua incrível coleção de 20 mil discos e se aproximasse dos programadores das rádios e aficionados do rock, em busca de informações. O convívio e o aprendizado não apenas renderiam boas aquisições para sua coleção, mas ser-lhe-iam úteis para o trabalho que o tornaria famoso. Sua primeira oportunidade deu-se na rádio Tamoio AM, do Rio de Janeiro. 

 
Cansado do tipo de locução empostada e linear dos profissionais da época, Newton Duarte transgrediu e quebrou paradigmas. Entrou para a história do rádio, fazendo da expressão Hello, crazy people!, com que sempre abria as suas transmissões, a sua marca, sua identidade.

Mas a consagração só viria, de fato, quando convidado para participar da reformulação da rádio Mundial AM, construindo um estilo pessoal inconfundível, com sua voz ácida e um palavreado rápido, similar ao dos rappers. Big Boy introduziu no rádio um estilo moderno e descontraído, um formato dinâmico e de agilidade incomparável, que é imitado, até hoje, sem o mesmo brilho.

Seus programas Cavern Club, em que tocava somente músicas dos Beatles (foi ele que, em 1967, lançou em primeira mão no Brasil o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, por fazer parte do seleto mailing da Apple, gravadora do grupo inglês) – e Ritmos de Boate (no qual apresentava lançamentos de músicas dançantes), fizeram de Big Boy um ícone de sua geração. Newton Duarte deixou sua marca também na programação da rádio Eldorado, a inesquecível Eldo Pop, que levava a sua assinatura.


Morto precocemente, aos 33 anos, em março de 1977, vitimado por um infarto, decorrente de crise asmática, Newton “Big Boy” Duarte recebeu merecido espaço para a preservação de sua memória: seu filho caçula, Leandro Petersen Duarte (que tinha apenas oito meses, quando o pai faleceu), graduou-se em jornalismo e disponibilizou parte do acervo da família na página Big Boy Rides Again, no Facebook, com o histórico pessoal e profissional do artista, recortes de publicações, fotos históricas, fragmentos de gravações com áudio original e, claro, a palavra dos fãs. Uma justa homenagem ao pioneiro dos agitos e das badalações, cujo trabalho marcou profundamente a história das rádios e da noite no Rio de Janeiro. 

Newton Duarte deixou uma lacuna imensa no coração de admiradores e fãs...


BIG BOY FOREVER!!!


* adaptado do Editorial originalmente publicado na edição impressa de Intervalo Entretenimento & Mídia, n° 28, Ano V, de Set/Out 2003.

Nossos agradecimentos ao leitor e amigo de longa data, Paulo Joubert A. Souza, editor do CINE HQ, de Belo Horizonte/MG, pela recuperação do material.

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