Cia Urbana em
O Banqueiro Anarquista
do conto de Fernando Pessoa
De 09 a 31 de outubro, na Sede das Cias
quartas e quintas, às 20h
“Eu estou para o pensamento como o vento está para o ar, isto é, o
ar é feito de vento, eu sou feito de pensamento” Fernando Pessoa.
foto: Diego Molina
"O Banqueiro Anarquista" é uma espécie de conte philosophique, ou
"conto de raciocínio", como denominava o autor. Este conto de Fernando
Pessoa é muito pouco conhecido. Trata-se de um diálogo botequinesco
entre um personagem anônimo e um ex-operário, também anônimo, que se
tornou banqueiro, apresentado desde o início como "um grande comerciante
e "açambarcador notável".
No diálogo, o banqueiro narra seu processo de
formação, procurando demonstrar logicamente porque é realmente
"anarquista" na teoria e na prática. Trata-se, assim, de um conto sobre
razões da ação prático-moral, em que desfilam inteligência e
dissimulação, lógica e disfarce. Fernando Pessoa, através deste conto,
ilustra a maleabilidade de ideologias sociais entre seus próprios
defensores, construindo um personagem que, ao mesmo tempo em que se diz
anarquista em teoria e prática, é dono de uma poderosa instituição
financeira: um banco.
O aparente paradoxo é explicado com refinado
discurso sociológico. O conto foi publicado inicialmente em 1922, mesmo
tempo em que o italiano Errico Malatesta escrevia cartas e panfletos
defendendo a criação de inusitados Partidos Anarquistas mundo afora. O
paradoxo da ação real não tem o charme do paradoxo do conto literário,
mas evidencia um tempo extremado de contradições e inquietações
ideológicas, acompanhadas com atenção por Fernando Pessoa. O poeta tece a
história de um ex-militante operário que, frustrado com os rumos da
ação política de seu grupo e outros, procura fazer a revolução social
que lhe é possível: a sua própria.
O Banqueiro Anarquista desconcerta de imediato a quem lê este “conte philosophique”,
podendo causar, até mesmo, um certo desassossego. Além de outros três
brevíssimos contos de lógica paradoxal, este é o texto de prosa
literária completo mais importante entre os poucos que Pessoa chegou a
publicar em vida. No fundo, O Banqueiro Anarquista é um tratado
didático sobre filosofia política, disfarçado de diálogo vagamente
platônico que joga hábil e intencionalmente com diversas variantes de
silogismos, tautologias e sofismas.
O
texto confeccionado para esta montagem coloca no mesmo palco, além do
próprio Pessoa, três de seus grandes heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro
de Campos e Ricardo Reis. Trata-se, portanto, de uma verdadeira ode ao
pensamento e a escrita de Fernando Pessoa.
Ficha técnica
Textos de Fernando Pessoa
Dramaturgia de Fernando Lopes Lima
Atuação: José Karini, Vicente Coelho e Rafael Manheimer
Direção: Fernando Lopes Lima
Iluminação: Aurelio de Simoni
Cengrafia: artista plástico Marcos Saboya
Figurinos: Kassandra Speltri
Direção musical: Leonardo de Castro
Produção: Fernando Lopes Lima
foto: Diego Molina
Serviço
Local: Sede das Cia
(Rua Manoel Carneiro, n° 12 - escadaria Seláron – Lapa)
Informações: (21) 2137-1271
Horário: quartas e quintas, às 20h
Ingressos: R$20,00
Capacidade: 60 lugares
Duração: 70 minutos
Bilheteria: diariamente a partir das 19h
Gênero: Conto Filosófico
Classificação: Livre
Temporada: de 09 a 31 de Outubro
fonte: assessoria de imprensa
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