Espetáculo de
Aloísio de Abreu,
com direção
de João Fonseca, está em cartaz no Theatro Net Rio
“Não quero
que me imitem. Não quero ninguém atrás de mim. Tenho muito medo de
ser porta-voz de qualquer coisa”. Nesta declaração de 1988,
Cazuza já profetizava o inevitável. O talento instintivo e
avassalador, o temperamento explosivo, a linguagem única e
libertária fez dele um ícone sem precedentes na cultura
contemporânea produzida no Brasil. Muito mais do que isso: ainda que
à revelia, foi, mesmo sem pretender sê-lo, o grande cronista da
juventude brasileira dos anos 80. Morto em 1990, aos 32 anos, no auge
da carreira, foi alçado a precoce e definitivo mito no imaginário
brasileiro. E que pela primeira vez tem sua breve e trepidante
trajetória contada nos palcos, através de ‘Cazuza
Pro Dia Nascer Feliz, o Musical’,
de Aloísio
de Abreu,
com direção de João
Fonseca.
A estreia nacional será no dia 04
de outubro,
no Theatro
Net Rio.
O espetáculo
reúne alguns dos maiores clássicos de Cazuza em carreira solo ou no
Barão Vermelho, como “Pro Dia Nascer Feliz” e “Codinome Beija
Flor”. Canções como ‘Bete Balanço’, ‘Ideologia’, ‘O
Tempo não para’, ‘Exagerado’, ‘Brasil’, ‘Preciso dizer
que te amo’, ‘Faz parte do meu show’ estão presentes no
roteiro, que reserva espaço também para composições de Cazuza que
ele nunca chegou a gravar, como ‘Malandragem’, ‘Poema’ e
‘Mais Feliz’.
O elenco é
encabeçado pelo músico e ator Emílio Dantas, de 30 anos,
que faz sua segunda incursão em musicais. Susana Ribeiro, Marcelo
Várzea, André Dias, Fabiano Medeiros , Yasmin Gomlevsky,
Thiago Machado, , Bruno Fraga, Bruno Narch, Bruno Sigrist, Saulo
Segreto, Dezo Mota, Sheila Matos, Juliane Bodini, Oscar Fabião e
Osmar Silveira completam a escalação. Dando vida a nomes
como Lucinha e João Araújo , Ney Matogrosso, Bebel Gilberto,
Frejat, Caetano Veloso, Dé Palmeira, entre vários outros
personagens que gravitaram no universo de Cazuza.
Para a
construção do texto, Aloísio de Abreu partiu das conversas
com pessoas próximas a Cazuza e fez uma ampla pesquisa para a
criação da estrutura dramática do espetáculo. “Apesar de
frequentar os mesmos lugares, eu não conhecia o Cazuza. Entretanto,
sempre tive uma profunda identificação com a obra dele, que tem um
quê de crônica da nossa época, revelando de forma rasgada
comportamentos típicos dos jovens que todos éramos nos anos
oitenta”, explica Aloísio.
Como a vida do
personagem foi curta e, ao mesmo tempo, muito intensa, o autor
procurou contar a história de forma ágil, avançando sempre a
partir dos momentos de virada na carreira e na vida dele: a
descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o momento em que resolve
cantar, montar uma banda, se profissionalizar, o estouro, as brigas,
a mudança no estilo de sua obra, o estrelato solo, a descoberta da
doença, a urgência poética no fim das forças. Enfim, momentos que
levam a história adiante. “As músicas se inserem quase como parte
do texto. Estrutura de musical mesmo. Claro que tem momento show, mas
a trajetória do Cazuza é contada através das letras e da poesia
dele. Tudo no texto faz parte do show”, complementa.
A montagem dá
continuidade à pesquisa desenvolvida por João Fonseca de uma
cena musical brasileira mais despojada e teatral. “Este espetáculo
é mais um passo do trabalho que comecei com ‘Gota d’água’ e
que culminou no ‘Tim Maia’. É uma nova possibilidade de
desenvolver e aperfeiçoar uma linguagem muito autoral de musical
iniciada há alguns anos”. O diretor conta que os depoimentos de
Lucinha Araújo foram fundamentais na estruturação cênica do
espetáculo: “A partir das lembranças dela, vamos conhecendo a
vida e a obra desse artista e, tal como sua obra, a peça alterna
momentos exagerados e de puro rock'n’roll, a mais intimistas
e delicados”, finaliza.
A cenografia
de Nello Marrese traz elementos fundamentais do universo de
Cazuza. “Pensei num cenário poético e limpo. O espaço cênico é
formado por seis praticáveis que representam palafitas. O chão,
areia. É a representação do Arpoador, um dos lugares preferidos do
personagem. O único elemento fixo é uma mesa que se desdobra em
diversas representações: bar, o quarto onde ele compunha (sempre
usando uma máquina de escrever), hospital, e por aí vai…”. Para
o cenógrafo, desta neutralidade cênica partirá o jogo teatral, e
completa: “Concebemos três telas onde haverá projeções não
realistas que remetem às cenas e canções, brincando com a estética
da época. Imaginei um grande clipe, representando de maneira lúdica
e simbólica a sucessão de acontecimentos na vida do Cazuza”.
Um amplo
trabalho de pesquisa também foi essencial para a concepção musical
do espetáculo. Os diretores musicais Daniel Rocha e Carlos
Bauzys conceituaram a sonoridade em quatro situações: Barão
Vermelho não produzido; a gravação do primeiro disco; e depois do
sucesso, já consolidados. A banda solo de Cazuza também será
reproduzida com fidelidade. “Adaptar a obra dele tornando-a cênica
e, ao mesmo tempo empolgante e reconhecível ao público, foi nosso
maior desafio. Usamos teclados programados com samplers e
sintetizadores usados nas gravações do Barão. Dois guitarristas se
revezam também entre violão de nylon, de aço e bandolim; além de
um contrabaixo elétrico e uma bateria eletrônica programada com os
timbres da década de oitenta”, define Daniel.
A escolha de
Emílio Dantas para o personagem título foi imediata, segundo
João Fonseca. “Trabalhei recentemente com Emílio em
outro musical e o considero um talento extraordinário. Desde o
começo, achava que ele era o ator ideal para o personagem, o que foi
comprovado durante as audições com a aprovação unânime de toda a
equipe e da família do Cazuza”. Emílio, que além de ator
também é cantor – foi vocalista da banda ‘Mulher do Padre’-
foi pego de surpresa com a escolha: “Quando vi que a Lucinha estava
no teste, fiquei desesperado. Não queria fazer feio na frente dela.
João me mandou quatro cenas, mas só decorei duas. A saída
foi incorporar a vibe do Cazuza, já entrei meio como naquela
loucura dele no palco, fui sincero e falei que não tinha preparado
nada. Busquei captar a essência do artista, sua postura na vida”,
relata. O resultado, desde então, foi uma relação de total
simbiose entre ator e personagem. “Vi muito vídeo, os bastidores,
assisti a várias entrevistas, antes e depois da doença, doidão,
sóbrio, prestei atenção na questão das gírias. Fui para São
Paulo e voltei de carro ouvindo e cantando Cazuza, captando o jeito
dele cantar, o carioquês, a língua presa… “.
O ator
precisou emagrecer cinco quilos para o personagem: “Estava
predisposto até a perder mais, mas chegamos ao consenso de que não
seria necessário, porque há toda a fase dele saudável. Então,
para representar a doença, vamos usar uma energia física mais
baixa, maquiagem, luz e figurino”, finaliza.
Completando a
ficha técnica, Paulo Nenem e Daniela Sanches
(iluminação), Carol Lobato (figurinos) e Alex Neoral
(coreografia). A banda que se apresenta ao vivo é formada por
Marcelo Eduardo Farias e Evelyne Garcia (teclados),
Bernardo Ramos e Daniel Rocha (guitarras), Raul
D’Oliveira (baixo), Rafael Maia (bateria) e Hebert
Souza (programação). ‘Cazuza pro dia nascer feliz, o
musical’ é apresentado pelo Ministério da Cultura, com
patrocínio da Sulamérica, Sem Parar e Mills.
E assim, uma
das trajetórias mais impressionantes da música brasileira é
recriada pela primeira vez nos palcos. Aliás, nada mais oportuno,
num momento em que se reascende no país, como poucas vezes se viu,
articulações e movimentos em torno da ética, de transparência
pública, de honestidade em diversos planos, de dignidade. “Não
sei quem foi o ufanista que jogou essa bandeira. É uma pessoa louca,
porque o Brasil não está em condições de receber manifestações
como essa. Inflação de 900%, um monte de denúncias de
irregularidades, fora o assassinato do Chico Mendes. Eu estou é
triste! Desiludido!”, disse Cazuza para mãe, após cuspir na
bandeira pátria durante um show em 88. Hoje, 15 anos depois, “eu
vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes
novidades…”, Cazuza estaria se perguntando: mas, afinal, cadê o
Amarildo?
FICHA
TÉCNICA
Texto
de Aloísio de Abreu
Direção
Geral João Fonseca
Produção
Geral Sandro Chaim
Direção
Musical Daniel Rocha
Supervisão
Musical Carlos Bauzys
Preparador
Vocal Felipe Habib
Coreografias
Alex Neoral
Cenário
Nello Marrese
Figurino
Carol Lobato
Visagismo
Juliana Mendes
Design
de luz Daniela Sanches e Paulo Nenem
Design
de som Gabriel D´Angelo
Apresentado
pelo Ministério da Cultura
Realização:
Miniatura 9, Chaim XYZ Produções
Patrocínio:
Sulamérica, Sem Parar e Mills
ELENCO
Emílio Dantas
(Cazuza), Susana Ribeiro (Lucinha Araújo), Marcelo Várzea (João
Araújo), André Dias (Ezequiel Neves), Fabiano Medeiros (Ney
Matogrosso), Yasmin Gomlevsky (Bebel Gilberto), Thiago Machado
(Frejat), Bruno Fraga (Maurício Barros), Bruno Narch (Serginho),
Bruno Sigrist (Guto Goffi), Saulo Segreto, (Dé Palmeira), Dezo Mota
(Caetano Veloso), , Juliane Bodini (Swing feminino), Oscar Fabião
(Swing masculino), Osmar Silveira (sub Cazuza e Swing masculino) e
Sheila Matos (sub Lucinha e Swing feminino).
SERVIÇO
CAZUZA
– PRO DIA NASCER FELIZ, O MUSICAL
Theatro
Net Rio – Sala Tereza Rachel. Rua
Siqueira Campos, 143 – Sobreloja – Copacabana. (Shopping Cidade
Copacabana).
Ingressos:
R$ 150,00 (plateia e frisas) R$ 100,00 (balcão)
Direito à
meia entrada: Menor ou igual à 21 anos, idosos com 60 anos
ou mais, professor da rede pública, estudante, cliente Net (4
ingressos), cliente O Globo (2 ingressos), classe artística com DRT
(1 ingresso), cliente Mais Pão de Açúcar, revista Básica (2
ingressos), cartão pré-pago do Metrô (2 ingressos), carteira
da Amave (2 ingressos), apresentando a passagem da viação
Itapemirim.
Horários:
Quinta
a Sexta: 21h | Sábado: 18h e 21h30 | Domingo: 19h
Classificação:
14 anos.
Duração:
150 minutos. (incluindo
intervalo de 15min)
Capacidade
do Teatro: 678 lugares.
Telefone
do teatro: (21) 2147-8060 /
2148-8060
Horário
de funcionamento da bilheteria: 10h
às 22h.
Formas
de pagamento: Todos CC / CB
Acessibilidade
Estacionamento
no Shopping, entrada pela Rua Figueiredo Magalhães, 598.
fonte:
assessoria de imprensa
Nenhum comentário:
Postar um comentário