sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PROFESSORES E PECADOS


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Ao longo de minha vida acadêmica, tive vários professores: os bons, os muito bons, os excelentes, os hilários, os extraordinários, e também os ordinários, os intratáveis, os cretinos, os antipáticos, os ruins, os péssimos e os sem cotação (a lista de predicados é longa, mas estes me bastam). Mas sem cotação mesmo é a declaração de quem, logo no primeiro dia de aulas, dispara: - "Não dou dez para ninguém!".

Essa forma de “apego”, como se a nota máxima fosse de propriedade privada, assemelha-se à malcriação de moleque birrento, mimado, egoísta. É provável que o professor “apegado”, orgulhoso e cheio de si, tenha sido um aluno medíocre na carreira – o qual, jamais tendo conquistado um dez e valendo-se da sua condição “superior”, acha-se no direito de "descontar" a sua inaptidão no corpo discente, atitude essa rasteira e igualmente medíocre; é provável que esse professor desconheça a soberba como um dos pecados originais e também que o distanciamento entre professor e alunos não traz benefício a qualquer das partes – ao contrário, desperta sentimentos nocivos nestes como o ódio (outro pecado) e o desinteresse; é provável também que esse professor esteja no lugar errado, vários são ocupantes de cargos em privilegiados escalões da esfera pública - o que reduziria o exercício do magistério a mera "complementação de renda". Há também os casos extremos de professores que não se encontram no pleno gozo (com o perdão do trocadilho) de suas faculdades sexuais (a coisa sobe para a cabeça), assim como há os de má índole, os sádicos por natureza e os em estado permanente de TPM; ou seja, os enfermos crônicos.

A nota, elemento de mensuração nas avaliações escolares e acadêmicas, deve corresponder ao princípio da meritocracia. Se o aluno demonstra (ou não) disciplina, aplicação, vontade e curiosidade pelo saber, nada mais justo que nota compatível com seu esforço (ou falta de) lhe seja atribuída. Competência e capacidade não são (não deveriam ser) ofensivas. E boa nota não é favor. É decorrência natural de trabalho e aprendizado.

O dez, em especial, deve valer a glória de ambos, professor e aluno, pelo atingimento de metas, pela comunhão de interesses, pela superação das adversidades, pela satisfação do dever cumprido. E não um mero instrumento de sentimentos indomados (como a vaidade e o orgulho) de profissionais que não sabem ou não conseguem superar seus traumas ou conviver com as próprias limitações.

Francisco Filardi

3 comentários:

  1. Concordo plenamente com você.Eu acho tambem que certo "azedume" encontrado em alguns professores talvez decorra da situação a parte que essa grandiosa categoria se encontre agora em nossa sociedade. Antes, todos queriam ser professor, queriam ensinar, ter alunos etc, hoje em dia esse desejo ainda se encontra latente em algumas pessoas que buscam essa profissão,só que decorrido os novos tempos novas situações ele terminam se tornando pessoas chatas e cheias de birras e com atitudes como você destacou a cima, mas, felizmente não são todos (...)

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  2. Podi crê...Minha mãe é professora e ganha 800 reais para dar aula em uma escola publica, imagine, fazer faculdade se dedicar a vida toda pra depois dar aulas por 800 reais, isso é salario de Peão de obra (com todo respeito), Daí alguns professores ficam com esses "faniquitos idiotas" mesmo.

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  3. É um texto para reflexão. Concordo, mas muito bem colocado não são todos.
    Abs., Eduardo Almeida

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