HELLO,
CRAZY PEOPLE!*
Francisco
Filardi
Newton Alvarenga Duarte era seu nome
de batismo. Tornou-se referência obrigatória para locutores de
rádio e disc jóqueis de todo o país, entre os anos 60 e 70,
e uma lenda para seus ouvintes, hoje na faixa dos 40/50 de idade.
Discotecário, jornalista e radialista, teria completado 70 anos em
junho de 2013, se vivo.
É provável que as novas gerações
sequer tenham ouvido falar sobre o Big Boy, alter ego de
Newton Duarte, portanto cabe o registro de que foi ele o primeiro
profissional multimídia do país, responsável por uma autêntica
revolução nos padrões de locução das rádios AM da época.
Apaixonado por música, desde a
infância, não tardaria para que Newton iniciasse a sua incrível
coleção de 20 mil discos e se aproximasse dos programadores das
rádios e aficionados do rock, em busca de informações. O convívio
e o aprendizado não apenas renderiam boas aquisições para sua
coleção, mas ser-lhe-iam úteis para o trabalho que o tornaria
famoso. Sua primeira oportunidade deu-se na rádio Tamoio AM, do Rio
de Janeiro.
Cansado do tipo de locução empostada
e linear dos profissionais da época, Newton Duarte transgrediu e
quebrou paradigmas. Entrou para a história do rádio, fazendo da
expressão Hello, crazy people!, com que sempre abria as suas
transmissões, a sua marca, sua identidade.
Mas a consagração só viria, de
fato, quando convidado para participar da reformulação da rádio
Mundial AM, construindo um estilo pessoal inconfundível, com sua voz
ácida e um palavreado rápido, similar ao dos rappers. Big
Boy introduziu no rádio um estilo moderno e descontraído, um
formato dinâmico e de agilidade incomparável, que é imitado, até
hoje, sem o mesmo brilho.
Seus programas Cavern Club, em
que tocava somente músicas dos Beatles (foi ele que, em 1967, lançou
em primeira mão no Brasil o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club
Band, por fazer parte do seleto mailing da Apple, gravadora do grupo
inglês) – e Ritmos de Boate (no qual apresentava
lançamentos de músicas dançantes), fizeram de Big Boy um ícone de
sua geração. Newton Duarte deixou sua marca também na programação
da rádio Eldorado, a inesquecível Eldo Pop, que levava a sua
assinatura.
Morto precocemente, aos 33 anos, em
março de 1977, vitimado por um infarto, decorrente de crise
asmática, Newton “Big Boy” Duarte recebeu merecido espaço para
a preservação de sua memória: seu filho caçula, Leandro Petersen
Duarte (que tinha apenas oito meses, quando o pai faleceu),
graduou-se em jornalismo e disponibilizou parte do acervo da família
na página Big Boy Rides Again, no Facebook, com o histórico pessoal
e profissional do artista, recortes de publicações, fotos
históricas, fragmentos de gravações com áudio original e, claro,
a palavra dos fãs. Uma justa homenagem ao pioneiro dos agitos e das
badalações, cujo trabalho marcou profundamente a história das
rádios e da noite no Rio de Janeiro.
Newton Duarte deixou uma
lacuna imensa no coração de admiradores e fãs...
BIG BOY FOREVER!!!
* adaptado do Editorial originalmente
publicado na edição impressa de Intervalo Entretenimento &
Mídia, n° 28, Ano V, de Set/Out 2003.
Nossos agradecimentos ao leitor e
amigo de longa data, Paulo Joubert A. Souza, editor do CINE HQ, de
Belo Horizonte/MG, pela recuperação do material.
Era o Kid Vinil dos anos 60/70!!!!
ResponderExcluirEternas ondas radiofônicas ...Saudades !!!
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