sexta-feira, 16 de março de 2018

O FILME ERRADO



Neste ano de 2018, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood não se enganou de envelope; enganou-se de filme. 
 
O vencedor da principal categoria, A forma da água, dirigido por Guilhermo Del Toro, é um dos piores ganhadores do Oscar de Melhor Filme da história. É de roteiro frágil, insosso, previsível, repleto de clichês e cenas bizarras; não emociona, não encanta, não faz o público reagir. Passa longe de outros trabalhos de Del Toro, inclusive da animação Caçadores de trolls, já na segunda temporada no Netflix.

O diretor mexicano abusa da paciência do espectador com um argumento que faz lembrar o trash O monstro da lagoa negra (1954, dir: Jack Arnold), sendo que a criatura anfíbia de Del Toro serve como válvula de escape para os delírios imaginativos de uma garota que se masturba na banheira.

Ainda assim, vale destacar as boas atuações de Sally Hawkins (Eliza Esposito) e de Richard Jenkins (Giles).

Filardi

MATAR OU MORRER, 1952




- Desde garoto, queria ser como você. Você sempre foi um homem da lei.



- Sim, minha vida inteira. É uma bela vida: você arrisca a pele atrás de assassinos e os júris os soltam, para eles o matarem. Se for honesto, será pobre. No fim, você morre sozinho em uma rua suja. Para quê? Para nada. Para ter uma estrela de prata [...]. As pessoas defendem a lei e a ordem, desde que não tenham de fazer nada. Talvez porque, no fundo, elas não se importam.

Matar ou morrer (High noon), 1952. Elenco: Gary Cooper, Grace Kelly, Lloyd Bridges, Lee Van Cleef, Katy Jurado.   Direção: Fred Zinnemann.

terça-feira, 13 de março de 2018

NEM SEMPRE QUEM RI POR ÚLTIMO RI MELHOR. NÃO É, DR. EVIL?


                                              Mike Myers caracterizado como Dr. Evil


Austin Powers, o agente britânico sessentista, interpretado pelo ator Mike Myers, apareceu em três filmes, realizados em 1997 (Um agente nada discreto), 1999 (O agente Bond cama) e 2002 (O homem do membro de ouro). A sátira escrachada aos filmes de espionagem, notadamente de James Bond, rendeu a Myers o desafio de interpretar também o arqui-inimigo de Powers, o não tão terrível Dr. Evil.

Mas o que pouca gente sabe é que o cacoete do vilão em levar o dedo mínimo ao canto da boca, enquanto gargalha, não foi criação de Myers. No episódio intitulado Um caso de perfeição, da 5a. temporada do seriado Além da Imaginação (1959-1964), que foi ao ar originalmente em 18/10/1963 pela rede CBS nos Estados Unidos, vemos o ator Richard Long fazer o mesmo ao longo do episódio. Comparem as fotos.

                         Richard Long no episódio de Além da Imaginação

O roteiro de Um caso de perfeição foi escrito por Charles Beaumont (colaborador assíduo da série) em parceria com John Tomerlin, e dirigido por Abner Biberman.

sexta-feira, 9 de março de 2018

PROVIDENCE, ALAIN RESNAIS



"Para mim, estilo é emoção 
em sua forma mais elegante".

por Clive Langham, interpretado por John Gielgud, em Providence (dir. Alain Resnais, 1977).

I WANT TO BE ALONE



A atriz sueca Greta Garbo imortalizou a frase I want to be alone em 1932, no filme Grande Hotel - considerado o primeiro blockbuster do cinema estadunidense. Sete anos depois, Garbo quase a repete em Ninotchka (We want to be alone), mas é a frase original, dita pela amargurada personagem Elizaveta Grusinskaya, que entraria para a história como expressão do comportamento refratário de sua intérprete.

Do que pouca gente sabe, no entanto, é que a frase I want to be alone foi aproveitada também pelo comediante Oliver Hardy em The flying deuces, de 1939 (Os tolos voadores, exibido nos cinemas brasileiros sob o título Paixonite aguda).

No longa, Oliver se apaixona por Georgette (Jean Parker), sem saber que esta é casada com um soldado da Legião Estrangeira. Desolado, por ter sua proposta de casamento recusada, Oliver olha para o vazio e dispara um I want to be... alone convincente. Para quem assistiu a Grande Hotel, é impossível não reagir à cena.

Os tolos voadores passa longe dos melhores trabalhos de Laurel & Hardy, mas a cena em que Hardy pega carona na frase de Greta Garbo vale o filme.

Intervalo recomenda!