quinta-feira, 28 de novembro de 2024

AINDA ESTOU AQUI: MUITO MAIS QUE MIL PALAVRAS

Além da trama bem costurada sobre o período da história do país que nós, pessoas de bem, desejamos banir da lembrança, o filme de Walter Salles Ainda estou aqui tem a virtude de seguir a linha de trabalho característica de seu colega grego, naturalizado francês, Costa-Gavras.

Em seu currículo como diretor, Gavras tratou de temas espinhosos como a ditadura e o nazismo, nos magníficos Desaparecido: um grande mistério (1982) e Muito mais que um crime (1989), respectivamente, e outros, mas sempre priorizando a história, não a violência.  O(A) espectador(a) de Gavras sabe que algo grave ocorre, por conta da tensão que reveste a narrativa, mas o diretor, assim como Salles, não o(a) expõe ao horror.

Outro ponto positivo dessa bela produção brasileira são os vazios, os silêncios, o momento em que se busca na alma algo em que se firmar, ainda que com a esperança e a coragem alquebradas.  

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras.  E as duas Fernandas, mãe e filha, encontram no silêncio e no vazio do olhar uma forma de transmitir aos espectadores a indignação, os percalços e o longo percurso trilhado por suas personagens, em busca de explicação para o que não tem explicação.

Ainda estou aqui é um filme que merece ser visto e debatido.  Seja na escola, seja na esquina.

 Ficha técnica

  • País: Brasil e França
  • Ano de produção: 2024
  • Gênero: História, drama, biografia
  • Duração: 135 minutos
  • Distribuidor: Sony Pictures
  • Produção: RT Features, VideoFilmes, Globoplay, Mact Productions, Conspiração Filmes e Arte France Cinéma
  • Roteiro: Murilo Hauser e Heitor Lorega
  • Gravações: Rio de Janeiro, junho de 2023.

Um comentário:

  1. Análise perfeita: sim, os vazios e os silêncios também são reveladores no filme. E concordo que o filme merece ser assistido e debatido em salas de aula.

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