terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

UMA HOMENAGEM A RICK JAMES, ARTISTA DOS "FUNKADÕES"


GOODBYE, MR. SUPERFREAK
 (de Francisco Filardi)*



A primeira vez que ouvi Rick James foi em 1978, ano em que as discotecas ganhavam o país, em parte devido a exibição da novela Dancin' Days, de Gilberto Braga.

Na época, eu me iniciava em música e acompanhava a programação das rádios AM, em especial a da América 1. Get off (Foxy), Three times a lady (The Commodores), Le freak (Chic) e Automatic Lover (D. D. Jackson) se destacavam entre as mais executadas, e James, então com trinta anos, emplacava You and I, um pancadão funk com oito minutos de duração, que até hoje faz muita gente balançar em festas de flashback. A faixa era o "carro-chefe" de seu álbum de estreia, Come get it!, que contava com o apoio da The Stone City Band. É desse disco também a balada Mary Jane.

No ano seguinte, James estouraria Love Gun, do álbum Fire it up, outro funk poderoso com bom trabalho de baixo e metais. Mas foi somente em 1981 que pude manusear um disco de Rick James. Esse trabalho, que o catapultou definitivamente ao estrelato, trazia faixas como Give it to me baby, Superfreak, Ghetto life e a balada Fire and desire (esta, em parceria com Teena Marie) e renderam ao álbum Street Songs uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de R&B. Esse disco é tão representativo para sua carreira que ganhou uma reedição em 2001, numa dupla edição de luxo, sendo o segundo disco uma gravação ao vivo da época de seu lançamento, em Long Beach, Califórnia.

James, com sua voz ácida, "funkadões" altamente dançantes e clipes e capas de discos trazendo mulheres tremendamente sexy, emplacaria ainda Dance wit' me e Standing on the top (esta, uma inútil tentativa de soerguer a carreira dos Temptations), em 1982; Cold Blooded e Ebony Eyes (inesquecível balada em parceria com William Smokey Robinson) viriam em 1983.

Mas o fim da discoteca, no início dos anos 80, seria um duro golpe para a carreira do artista. Sem contrato e deprimido, Rick James envolveu-se com drogas, foi preso e cumpriu três anos na Folsom State Prison, na Califórnia. Ao sair, lançou Urban rapsody (1987), cujas letras tratam de sua experiência na prisão, sobretudo da chacota dos policiais (I'll be watching you, Mr. Superfreak). Esse disco teve discreta aceitação no Brasil.

James deixou um álbum pronto para ser lançado em 2005, quando faleceu a 06/08/2004, aos 56 anos, de falência cardíaca e pulmonar, devido a complicações da diabetes e de um AVC. Suas coletâneas mais expressivas intitulam-se Bustin' out (1994) e Anthology (2002).

*Texto publicado originalmente no editorial da edição n° 35, de Nov/Dez 2004, da edição impressa de Intervalo Entretenimento & Mídia.

Agradecimentos ao Paulo Joubert Alves de Souza, editor do Cine HQ, de Belo Horizonte/MG, amigo de Intervalo Cultural - RJ, pela recuperação da matéria.

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