Ética da Inteligência Artificial (IA) no Brasil
A inteligência artificial (IA) possui um enorme
potencial para beneficiar a humanidade e promover o desenvolvimento
sustentável, mas apenas se for desenvolvida de forma que respeite as
normas e padrões mundiais, e que esteja fundamentada nos princípios
de paz.
A IA, assim como as novas tecnologias como robótica, computação em nuvem e Internet das Coisas estão transformando áreas do conhecimento, economia e indústrias, além de estarem desafiando ideias sobre o que significa ser humano.
Para que a IA seja desenvolvida de maneira responsável, é necessário que haja uma coordenação internacional para enfrentar o desafio de tais avanços tecnológicos que se desenvolvem tão rapidamente.
A ética da inteligência artificial
Como a IA transforma nossas sociedades e desafia o que significa ser humano, é necessário desenvolver políticas nacionais e internacionais, assim como marcos regulatórios, para garantir que essas tecnologias emergentes beneficiem a humanidade, e não a prejudiquem.
Em novembro de 2021, a Conferência Geral da UNESCO aprovou a Recomendação sobre a Ética da Inteligência Artificial, o primeiro instrumento global de definição de normas sobre a IA.
Em 2022, a UNESCO no Brasil publicou esta Recomendação em português para discutir e promover este tema na sociedade brasileira.
Acesse o link para ler, na íntegra e em português, as Recomendações sobre a Ética da Inteligência Artificial
Ética na ciência
Este novo século foi marcado por avanços científicos e tecnológicos significativos e sólidas alianças industriais e econômicas globais. Inúmeras melhorias têm produzido avanços significativos em diversas áreas. No entanto, essas descobertas levantam questões éticas e preocupações. O progresso nas ciências da vida está dando aos humanos um novo poder para melhorar nossa saúde e controlar os processos de desenvolvimento de todas as espécies vivas. Preocupações sobre as implicações sociais, culturais, jurídicas e éticas de tal progresso levaram a um dos debates mais significativos do século passado, cunhando uma nova palavra para abranger essas preocupações: bioética.
A bioética estuda os princípios teóricos de caráter moral, sanitário e ambiental da sociedade, como qualidade de vida, impactos sociais e biológicos das doenças, uso e desenvolvimento sustentável da natureza. Desde a década de 1970, o envolvimento da UNESCO na bioética tem refletido as dimensões internacionais desse debate. Fundada na crença de que não pode haver paz sem a solidariedade intelectual e moral da humanidade, a UNESCO procura envolver todos os países nessa discussão internacional e transcultural. No Brasil, a UNESCO atua nessa área em estreita parceria com a Cátedra UNESCO de Bioética.
Programa brasileiro recebe Prêmio da UNESCO por usar IA para melhorar habilidades de escrita
De acordo com a edição de 2018 do Indicador
Brasileiro de Alfabetismo Funcional (Inaf), embora nos últimos 18
anos tenha havido avanços na escolaridade da população, o nível
de alfabetização funcional continua baixo. Para enfrentar esse
problema, a Letrus, uma startup
de tecnologia educacional e uma das vencedoras do prêmio UNESCO
Rei Hamad Bin Isa-Al Khalifa de 2019 pelo uso de TIC (Tecnologia
da Informação e Comunicação) na educação, criou para estudantes
brasileiros uma experiência de aprendizagem personalizada auxiliada
por inteligência artificial (IA) .
Em uma colaboração entre professores e máquina, o programa de alfabetização Letrus oferece aos estudantes um feedback imediato sobre sua escrita, identificando padrões de escrita. As redações são então revisadas por um professor que faz comentários adicionais.
Assim como as conquistas tecnológicas aplicadas ao diagnóstico de pacientes, a Letrus oferece esses aparelhos para o mundo da alfabetização e educação. Da mesma forma que a ciência tem um excelente potencial para ajudar em decisões mais estratégicas, a Letrus e os professores estão se unindo para melhorar as trajetórias de aprendizagem de nossos alunos, afirma o cofundador da Letrus, Luis Junqueiras.
Para o cofundador da Letrus, novas tecnologias e IA em particular implicam uma dimensão humana. O quadro-negro é uma tecnologia, a borracha é uma tecnologia. Todos eles ocupam uma função específica modelada pela dimensão humana. Essa tecnologia não seria possível sem o trabalho em equipe humano e a inteligência por trás dessas inovações: A natureza humana multidisciplinar de planejar juntos, unindo decisões linguísticas e pedagógicas com a atmosfera de escrita de código é o que torna a experiência poderosa para os educadores.
Tudo começou quando ele era aluno do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, em 2005. Um encontro casual com a professora Davina o fez perceber o impacto que a escrita e a liberdade de expressão podem ter na vida dos alunos. A partir de sua própria experiência como professor, lançou o Projeto Primeiro Livro para ajudar crianças e adultos a publicar seus próprios livros e aprender com os desafios encontrados. Isso finalmente o levou a criar o programa Letrus para ajudar professores e alunos a superar esses desafios.
Até o momento, mais de 65 mil alunos já utilizaram o programa nos 26 estados do Brasil. Em 2019, uma parceria com a Secretaria de Educação do Espírito Santo levou o programa a 54 municípios capixabas, atingindo 12 mil estudantes e 400 professores de 121 escolas. Nesse projeto, 90% das escolas melhoraram as notas de seus alunos após cinco meses.
Para o futuro, o cofundador da Letrus quer aumentar a escala e a qualidade do seu serviço a um preço mais barato para que seja acessível a cidadãos de qualquer idade. Ele também espera inspirar outros programas para as gerações futuras com uma mensagem: juntos, precisamos nos engajar em movimentos em favor da alteridade, diversidade e sabedoria.
Quanto ao prêmio propriamente dito, Luís Junqueira comemora o incentivo que este reconhecimento traz à sua equipe, bem como as novas oportunidades de parcerias na área da educação que poderão surgir depois deste prêmio.
Ao mesmo tempo, o prêmio simboliza que estamos no caminho certo e que o caminho agora terá mais luz e possibilidades para aberura de novas portas no futuro.
fonte: Unesco
imagem: Getty Images/PeopleImages