sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O TRISTE FIM DA LINHAGEM DOS ROMANOV



No terceiro episódio do documentário Empire of the tsars, intitulado The road of revolution, disponível no NETFLIX, a apresentadora da BBC Lucy Worsley comenta que



"[...] a Rússia contaria com uma assembleia representativa: a Duma, que deveria tomar parte na elaboração das leis. Nicolau [Nicolau II, o último czar russo, da linhagem dos Romanov] insistiu para que a abertura da Duma Estatal fosse no Palácio de Inverno (em São Petersburgo, capital na época). E assim, em abril de 1906, a elite russa ficou cara a cara com o povo, pela primeira vez. Neste lado (esquerdo) da sala, estava o governo de Nicolau, seus conselheiros, vestindo uniformes com adornos dourados. Do outro lado (direito), estavam os membros da nova Duma. Usavam roupas de operários e camponeses, que eram camisas vermelhas e longas botas rústicas. Os dois lados se entreolhavam com desconfiança e hostilidade. Era a hora certa para Nicolau aproximar os desunidos, a fim de que estes se reconciliassem. Mas não. Ele fez um discurso defendendo seu poder autocrático. Ele iria conservá-lo, disse ele, com uma vontade inflexível. No fim do discurso, os conselheiros o saudavam, estavam encantados. Mas os membros da nova Duma assistiram a tudo num silêncio tumular".

O czar Nicolau II, sua esposa, Alexandra, suas filhas, as grã-duquesas 
Olga, Maria, Tatiana e Anastásia, e o caçula Alexei.



Esse fragmento é significativo. Governantes têm a oportunidade de mudar a vida de um povo, a rota de uma nação, mas não o fazem por estarem atrelados teimosamente a crenças pessoais e a certezas duvidosas, que neblinam sua capacidade de enxergar o futuro próximo. Com essa decisão, Nicolau II condenou à morte não só o seu governo, mas a Rússia, a sua família e os 300 anos da dinastia dos Romanov, de forma brutal. A História é formada por ciclos. E ciclos se repetem, para que tenhamos oportunidade de aprender. Ainda assim, deparamos com governantes que parecem resistir ao aprendizado da História, recusam-se a ouvir os ecos do passado e a optar por caminhos alternativos, conciliatórios. O resultado disso não é difícil de prever: tensões entre governo e povo delineiam um barril de pólvora prestes a explodir. E, cedo ou tarde, barris explodem.  Sempre.

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